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terça-feira, 17 de maio de 2016

ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO

Por: Edilson Moraes




Romanos 9.1-5; 10.1-8; 11.1-5.

Os capítulos 9, 10 e 11 de Romanos tratam do plano divino com relação a Israel e aos povos gentílicos. A vontade de Deus ao escolher os judeus, constituía-se em que por meio deles, o o seu nome, sua vontade e plano de salvação fossem revelados ao mundo. Todavia, eles tropeçaram na pedra de esquina que é Cristo, ao rejeitarem o Messias que veio revelar ao mundo a salvação pela graça, mediante a fé. Por este tropeço dos judeus (enquanto nação), a porta da graça escancarou-se para os gentios, os quais neste momento já gozam dos privilégios da salvação em sua plenitude, assim como aqueles judeus que já têm crido na salvação oferecida por Cristo. Ainda assim, Israel permanece debaixo da promessa de Deus. Que Deus maravilhoso! 


A ELEIÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.1-29).


Os anseios de Paulo e a incredulidade de Israel (Rm 9.1-5). “Paulo desejava que todos, assim como ele, entendessem o plano perfeito da salvação revelado em Jesus Cristo” (GONÇALVES, LBM, p. 57).

-“Paulo não era um antissemita. Ele não renegou seu antigo povo. Aqui ele mostra que não só amava seu povo como também sofria pela situação espiritual na qual se encontravam seus compatriotas. Não era um mal ser judeu; pelo contrário, constituía-se um grande privilégio já que foi a eles que Deus confiou seus oráculos. O que doía no coração do apóstolo era a dureza de coração que havia cegado seus irmãos, impedindo-os de enxergar o Messias que lhe fora prometido” (GONÇALVES, 2016, p. 89). 

-“A despeito da hostilidade dos judeus contra a pregação do Evangelho e contra a sua pessoa, Paulo diz que, se fosse possível ele mesmo ser separado de Cristo, para salvar ‘seus parentes segundo a carne’, ele o faria por amor a eles. Essa linguagem é bem típica de quem ama profundamente e é capaz de dar a sua vida para salvar outras. No AT podemos lembrar Moisés (Êx 24. 16,17)” (CABRAL, 1998, p. 104).

Os eleitos e as promessas de Deus. 

-Duas crianças, Dois Povos (Rm 9.6-13). “(...) devemos perceber que os versículos 6-13 apresentam o argumento de que a escolha de Deus por Israel não se baseou nas obras, mas na fé. O primeiro exemplo dado é o dos patriarcas. Nos versículos 6-9, temos o caso de Ismael e Isaque, ambos filhos de Abraão. Deus, na sua soberania e graça, escolheu Isaque e seus descendentes para a realização de seus propósitos. Prevendo que alguém pudesse objetar que a rejeição de Ismael seria totalmente justificável por ele não ser filho de Abraão e Sara, o apóstolo apresenta outro exemplo – Esaú e Jacó. Ambos eram filhos de Isaque, todavia, Deus na sua soberania, escolhera Jacó e rejeitara Esaú. Essa escolha, que não foi uma escolha para a salvação, foi feita quando eles ainda eram crianças para que prevalecesse a eleição pela graça e não pelas obras” (GONÇALVES, 2016, p. 90). 

-Eleição corporativa. “No versículo 11 do capítulo 9 de Romanos (...) o apóstolo usa pela primeira vez a palavra eleição. Essa palavra (...) é eklogé. Esse termo aparece sete vezes no Novo Testamento grego, sendo quatro delas na seção que vai do capítulo 9 ao 11 de Romanos. (...) Nesse contexto, ela é definida como sendo o propósito de Deus, em Cristo, para salvar a humanidade. As outras referências são Atos 9.15, 1 Tessalonicenses 1.4 e 2 Pedro 2.10. À luz do contexto dessas passagens, que nas epístolas são usadas em referência à igreja, fica bastante evidente que essa palavra possui um sentido corporativo. Como foi demonstrado, esse sentido coletivo é claramente percebido quando observamos que Paulo interpreta as figuras de Jacó e Esaú em Romanos 9 à luz de Malaquias 1.2-4. Nessa última passagem, Edon, outro nome de Esaú, é usado como referência a um povo, os edomitas, e não ao indivíduo Esaú” (GONÇALVES, 2016, p. 91,92). 

Eleição, justiça e soberania de Deus.

-Veja-se: Romanos 9.14-29.

-Coração de pedra. “Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece” (Rm 9.18). A graça amoleceu a servidão de Israel ao mesmo tempo em que endureceu o coração de faraó. O sol que derrete o gelo é mesmo que endurece o concreto. A lição trazida aqui por Paulo, observam os intérpretes da Bíblia, é que ‘da forma como a Palavra de Deus endureceu a Faraó quando ele resistiu, ela endurece os de Israel que não atenderam quando foram chamados (Rm 9.7; cf. Sl 95.7,8; Hb 3.7,15; 4.7). A resposta à questão da justiça de Deus é que Deus é não apenas justo: ele é misericordioso e justo” (GONÇALVES, 2016, p. 93). 

-O coração de faraó. "Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra" (Rm 9.17). -O coração de faraó. "Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra" (Rm 9.17). Como poderia Faraó estar livre se Deus endureceu o coração dele? Segundo GONÇALVES (2016, p. 94), em citação a GEISLER: 

Primeiro, em sua onisciência, Deus sabia de antemão exatamente como faraó iria agir, e usou isso para realizar os seus propósitos. Deus prescreveu os meios da ação livre, porém teimosa, de faraó, bem como o fim da libertação de Israel. Em Êxodo 3.19, Deus disse a Moisés: “Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte”. 

Segundo, é importante notar que faraó primeiramente endureceu seu próprio coração. No início, quando Moisés aproximou-se de Faraó com vistas a libertação dos israelitas (Êx 5.1), Faraó respondeu: “Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel” (Êx 5.2). 

Terceiro, Deus usa a injustiça dos homens para mostrar a sua glória. Deus ainda considera Faraó responsável, mas no processo do endurecimento do seu coração o Senhor usou Faraó para manifestar a sua grandeza e glória. 

-Os dois vasos. “Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso?” (Rm 9.21).

-A metáfora dos dois vasos em Romanos 9.19-24 parece ensinar um determinismo radical. Mas fica apenas na aparência, pois o texto está longe disso” (GONÇALVES, 2016, p. 95).

-Veja-se: Êxodo 7.14, 22; 8.15,32; 9.7.


O TROPEÇO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.30 – 10.21).


Tropeçaram em Cristo. -“Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé. Mas Israel, buscando a lei da justiça, não atingiu esta lei. Por que? Porque não a buscavam pela fé, mas como que pelas obras; e tropeçaram na pedra de tropeço; como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço; e uma rocha de escândalo; e quem nela crer não será confundido” (Rm 9.30-33).

-“Os judeus, ao buscarem a sua justiça própria através da Lei, acabaram por rejeitar a justiça de Deus que vem através de Jesus Cristo” (Rm 10.14) - (GONÇALVES, LBM, 2016, p. 59).

-“Em outras palavras, Paulo quer dizer que, se os judeus tendo a Lei não puderam cumpri-la legalmente, os gentios, não tendo a lei e nem a conhecendo, alcançaram a justiça através da fé. Os gentios não alcançaram a justiça só porque Deus tinha o poder de fazer valer a sua soberania, mas alcançaram-na pela fé em Cristo. O objeto da fá dos gentios foi Cristo” (CABRAL, 1998, p. 113). 

Tropeçaram na lei. “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a minha súplica a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus. Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê” (Rm 10.1-4). 

-“O apóstolo mostra a impossibilidade da justificação pelos méritos da lei pela razão de que o fim da lei é Cristo (v. 40 (...) O que Paulo está afirmando nesta leitura é que a lei não tem outra coisa como fundamento senão Cristo como a base da justiça para todos os que creem (1 Tm 1. 4)” - (GONÇALVES, 2016, p. 96). 

Tropeçaram na Palavra. “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11).

-Veja-se: Romanos 10.14-21.


A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 11.1-32).


Israel e o remanescente. “Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu” (Rm 11.2). Em primeiro lugar, o texto confirma que Deus não rejeitou a Israel como seu povo. –Por que? A resposta está no texto: “que antes conheceu” (v 2). Ele conheceu esse povo antes da vinda do novo pacto. Esse ato de conhecer Israel indica que Deus sabia o que estava fazendo, e que Ele tinha conhecimento prévio de Israel e de sua rejeição, por isso, podia firmemente decidir o que fazer, como o fez. Deus sabia que, entre os do seu povo, havia alguns que não rejeitariam seu plano, que acatariam seu plano e se submeteriam a ele. Como exemplo, Paulo ilustra a si mesmo, identificando-se como “israelita”, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (11.1). Sua conversão pessoal a Cristo era uma prova de que Deus não “rejeitou o seu povo” (CABRAL, 1998, p. 119). 

-(...) Paulo explica (11.1.31) que a rejeição de Israel é apenas parcial e temporária. Israel por fim aceitará a salvação divina em Cristo. O argumento dele contém vários passos. 

(a) Deus não rejeitou o Israel verdadeiro, pois Ele permaneceu fiel ao “remanescente” que permanece fiel a Ele, aceitando a Cristo (11.1-6). 

(b) No presente, Deus endureceu a maior parte de Israel, porque os israelitas não quiseram aceitar a Cristo (11.7-10; cf. 9.31-10.21); 

(c) Deus transformou a transgressão de Israel (i.e., a crucificação de Cristo) numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo (11.11,12,15). 

(d) Durante esse tempo presente da incredulidade nacional de Israel, a salvação de indivíduos, tanto os judeus como os gentios (cf. 10,12,13) depende da fé em Jesus Cristo (11.13-24). A fé em Jesus Cristo, por uma parte do Israel Nacional, acontecerá no futuro (11.25-29). 

(e) A fé em Jesus Cristo, por uma parte do Israel nacional, acontecerá no futuro (11.25-29). 

(f) O propósito sincero de Deus é ter misericórdia de todos, tanto dos judeus como dos gentios, e incluir no seu reino todas as pessoas que creem em Cristo (11.30-36; cf. 10.12,13; 11.20-24)” – (BEP, 1995, p. 1715). 

-Veja-se: Amós 2.12; 5.3; Isaías 1.9; 6.9-13; Sofonias 3.12, 13; Jeremias 23.3.

Israel e o enxerto gentílico (Rm 11.11-24). Os ramos quebrados são os judeus rebeldes e incrédulos, que perderam, no plano salvífico universal o direito à graça de Deus. No lugar desses ramos quebrados forma enxertados os gentios. Esses gentios enxertados são identificados como brotos silvestres ou zambujeiro (CABRAL, 1998, p. 124).

Israel e a restauração futura (Rm 11.25-32). Por agora, os judeus (como povo) continuam “encerrados debaixo do pecado”, mas chegará o tempo quando se completar o tempo da “plenitude dos gentios” com o desaparecimento da igreja arrebatada, então os judeus serão despertados e alcançados pela misericórdia de Deus (CABRAL, 1998, p. 127). 

-A plenitude dos gentios (Rm 11.25).

a) Conclusão do propósito de Deus com os gentios (At 15.14);

b) A completude da iniquidade gentílica (Gn 15.16; Lc 21.24-27).

-Todo o Israel (Rm 11.26)

(1) Os judeus crentes durante a tribulação (Dt 4.30,31; Os 5.14 – 6.3; Ap 7.1-8. A tribulação terminará quando Cristo operar o livramento dos crentes israelitas e destruir os demais judeus incrédulos (Is 10.20). 

(2) O remanescente crente de Israel (i.e., os sobreviventes dos fim dos tempos) e os fiéis em Israel, das gerações passadas, constituem “todo o Israel” (cf. Ez 37. 12-14) - (BEP, 1995, p. 1720). 

ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO

-A doutrina da eleição (gr. Eklegoe) ”como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1.4). A doutrina da eleição abarca as seguintes verdades: 

(1) A eleição é cristocêntrica, i.e., a eleição de pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Jesus Cristo para a salvação. O próprio Cristo é o primeiro de todos os eleitos de Deus. A respeito de Jesus, Deus declara: “Eis aqui meu servo que escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; 1 Pe 2.4). Ninguém é eleito sem estar unido em Cristo pela fé.

(2) A eleição é feita em Cristo, pelo seu sangue; “em quem [Cristo] ... pelo seu sangue (Ef 1.7). O propósito de Deus, já antes da criação (Ef 1.4), era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na Cruz. Sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no calvário, para nos salvar dos nossos pecados (At 20.28; Rm 3. 24-26).

(3) A eleição em Cristo é em primeiro lugar coletiva, i.e., a eleição de um povo (Ef 1.4,5,7,9; 1 Pe 1.1; 2.9). Os eleitos são chamados “o seu [Cristo] corpo” (Ef 1.23; 4.12), “minha igreja” (Mt 16.18), o “povo adquirido” por Deus (1 Pe 2.9) e a “noiva” de Cristo (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva e abrange o ser humano como indivíduo, somente à medida que este se identifica e se une ao corpo de Cristo, a igreja verdadeira (1 Pe 1.22) – (BEP, 1995, p. 1808).

(...).

-Ainda a respeito da eleição, parece haver uma oposição ao entendimento dos autores até aqui mencionados, na interpretação de Norman Geisler, quando introduz o tema – A natureza da salvação, em sua obra – Teologia Sistemática. Ao comentar sobre os “Atos Divinos Anteriores à Salvação”, o autor afirma que “Com relação aos crentes, a eleição é a decisão divina, desde a eternidade, pela qual Deus elegeu aqueles que seriam salvos” (GEISLER, 2010, p. 195). Todavia, as referências por ele apontadas (2 Tm 2.10; 1 Pe 1.2), coadunam perfeitamente com os demais teólogos presentes neste texto. Logo, é possível dizer que não há contradição entre estes autores. 

-PREDESTINAÇÃO (gr. Proorizo). A predestinação abrange o que acontecerá ao povo de Deus (todos os crente genuínos em Cristo).

(1) Deus predestina seus eleitos a serem: (a) chamados (Rm 8.30); (b) Justificados (Rm 3.24; 8.30); (c) glorificados (Rm 8.30); (d) conformados à imagem do Filho (Rm 8.29); (e) santos e inculpáveis (Ef 1.4); (f) adotados como filhos (Ef 1.5); (g) redimidos (Ef 1.7); (h) participantes de uma herança (Ef 1.14); (i) para louvor de sua glória (Ef 1.12; 1 Pe 2.9); (h) participantes do Espírito Santo (Ef 1.13; Gl 3.14); e (l) criados em Jesus para boas obras (Ef 2.10).

(2) A predestinação, assim como a eleição, refere-se ao corpo coletivo de Cristo (i.e., a verdadeira igreja), e abrange indivíduos somente quando inclusos neste corpo mediante a fé viva em Jesus Cristo (Ef 1.5,7,13; cf. At 2.38-41; 16.31) - (BEP, 1995, p. 1809).

-Da mesma forma que Deus pré-determinou, desde a eternidade, que daria a sua vida pelos nossos pecados (At 2.23), Ele também predestinou os que seriam conforme a imagem de Cristo. Como declarou Paulo: “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29) - (GEISLER, 2010, p. 196). 


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Referências

BIBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL - Editora CPAD 1995.

BÍBLIA SAGRADA DIGITAL. Versão 3.8.0. 

CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico Romanos. Rio de Janeiro, CPAD, 1998. 

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática Vol. 2. Rio da janeiro, CPAD, 2010.

GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça. O evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos. Lições bíblicas jovens e adultos. 2º trimestre de 2016. CPAD, 2016.

______Ibdem - Maravilhosa Graça. O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos. Rio de Janeiro, CPAD, 2016.







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