Edilson Moraes
________________
A visita da blogueira cubana Yohane Sanches ao Brasil nesta semana, aconteceu em meio a uma série manifestações pró e contra o seu posicionamento anti Fidel. Segundo alguns mais ávidos partidários fidelistas contrários à postura norte americana em relação ao seu país, a moça está tendo a sua campanha anti regime cubano bancada financeiramente pelos Estados Unidos, com quem há muito o governo de Cuba não mantém bons relacionamentos políticos nem econômicos. Em sua primeira visita ao Brasil, passando inicialmente por Salvador onde realizou palestras, enfrentou uma enxurrada de protestos com gritos de ordem, sob a suspeita de estar a serviço dos interesses americanos. Em Feira de Santana, na programação que incluia a exibição de um documentário em que a ativista fora entrevistada, as vaias e exaltações impediram que isto ocorresse. E assim foi na maioria das dos locais em que houve programação com a blogueira.
Seria ela uma dissimulada pousando de vítima do sistema fechado cubano ou é de fato alvo de um governo truculento, ditador?
Imagino que independente de nação "A" ou "B" ajudar, de alguma forma a enfraquecer regimes ditadores em volta do mundo, tal ação representa um dos mecanismos de abrir espaços à liberdade de expressão, ao respeito e valor da vida humana e ao pleno exercício da cidadania em sua individualidade e coletividade.
Que bondade há num governo que proíbe seus cidadãos de sairem de seu país, como se fossem obrigados a se manter presos à vontade de uma pessoa ou grupo? - A moça teve seu pedido de viagem negado por vinte vezes. O mundo viu recentemente casos de desportistas cubanos que aproveitaram a oportunidade de participar de olímpíadas, para fugir da delegação, em um ato de desespero, para tentar a liberdade em outros países.
Em se tratando de Brasil, a nossa bem recente história mostra que uma forma de governo que se sustenta de cercear seu povo, de modo especial aqueles que apresentam um pensamento diferente das lideranças autoritárias, não deixa boas lembraças no que tange a ações humanitárias e menos ainda nos aspectos políticos. O período do regime militar no Brasil, é uma página sombria da qual as gerações futuras e tanto mais aquela que transitou por aqueles trilhos, não encontra ainda que relance do que se orgulhar. Aqueles que viram seus familiares serem presos, torturados e mortos - muitos dos quais sem ter nenhum envolvimento político, é quem sabe a dor do sofrimento. Um grande número simplesmente desapareceu e o governo nunca deu conta de seus corpos aos parentes. Tamanha foi a covardia que só recentemente os documentos desse momento tenebroso passaram a ser expostos ao público.
Por outro lado, esta visita nos remete a uma outra análise: em que aspectos a democracia Brasileira, nos moldes em que se encontra é benefíca, se comparada ao regime militar? Na democracia, o cidadão é livre para se manifestar, seja sobre qual assunto for, sem receio de ser cerceado, punido. Os direitos são iguais para todos. O poder emana do povo. A massa elege ou reelege seus representantes.
O problema, porém é que a realidade é outra. Não conseguimos, ainda, enquanto nação soberana nos desvencilhar po exemplo, da corrupção que se amontoa nas maiores esferas representativas da nação, seja no Legislativo, Executivo ou Judiciário . Esta, tem solapado as nossas estruras políticas de tal maneira, que já temos dúvida se realmente somos livres ou escravos. Somos um povo que vemos dia após dia, a fragilidade das nossas leis, muito embora estejamos entre os maiores criadores destas. Temos leis que desobrigam o cumprimento de outras (se o crime envolver peixe grande). Deparamo-nos constantemente com autoridades que tratam os que estão à margem como se fossem lixo.
Mesmo diante de toda esta problemática, não dá para comparar com a severidade de um sistema ditador. O nosso processo democrático é bastante novo. Creio que será possível desfazer a máquina da corrupção, mediante uma reforma política, passo que entendo ser de extrema relevância para a modernização e solidificação do sistema democrático.
Em nome da memória dos que sofreram nas garras da ditadura militar, precisamos exercer a liberdade que temos, empunhar as armas do diálogo, e da política - digo a boa política, aquela do debate franco, colaborando para o fortalecimento do processo democrático não apenas no Brasil, como também no mundo, em especial aqueles povos que ainda vivem trancafiados sob a égide de sistemas totalitários.
Foto:
www.google.com.br/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm
Nenhum comentário:
Postar um comentário