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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O LEGADO DE ELIAS










TEXTO BÍBLICO:
1 RE 19.16,17,19-21


INTRODUÇÃO. O maior desafio para quem desenvolve determinado serviço não está em como começar, e sim, como será substituído em suas tarefas. Elias teve o cuidado de preparar o seu substituo fornecendo ao  amigo Eliseu as ferramentas essenciais para um ministério profíncuo e poderoso como o foi o seu, conduzindo-o a exercer o ministério profético com uma vida de temor, zelo, autoridade e dependência da vontade soberana de Deus. Coube a este grande servo de Deus dar lições práticas de uma vida de cuidados espirituais e morais como mecanismos poderosos para influenciar, via ação e sem coação, os homens de sua geração a uma postura de verdadeiros servos de Deus, pelo abandono de todo o tipo de pecado e paganismo.    

O LONGO PERCURSO DE ELIAS. Não fica muito claro o que motivou o deslocamento de Elias – Berseba para Horebe, o que corresponde a cerca de 600 quilômetros. O que há como registro histórico é uma clara inconformidade de Deus, pelo fato deste se encontrar naquele lugar.  “Ali entrou numa caverna, onde passou a noite. E eis que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Que fazes aqui, Elias?” 1 Re 19.9. Ao responder, deixa o profeta a sensação de que se encontra ainda desorientado por conta da ameaça de Jezabel. Ao saber que não estava sozinho, por meio do diálogo iniciado com o criador de tudo, duas coisas ficam claras: uma, o senhor permanecia no controle da história e a outra é que o trabalho do profeta não tinha sido em vão, conforme se vê em 1Re 19.9-18. Esta percepção foi suficiente para reconduzi-lo à direção certa, cumprindo o propósito inicial, conforme Deus havia estabelecido.
ELIAS NA CASA DE ELISEU. O gesto de lançar o manto sobre uma pessoa, conforme o registro de 1 Re 19.19 tinha um significado relevante, naquela época, para o povo hebreu. Neste caso em particular, representa que Eliseu estava sendo credenciado para o ministério profético em substituição a Elias.

A chamada profética de Eliseu encontra-se repleta de princípios dos mais importantes para todos que desejam fazer a obra de Deus. Primeiro, para se envolver no trabalho cristão, é preciso ter fé. Com toda certeza, este servo de Deus estava inserido na lista dos sete mil que não abandonaram ao Senhor, em troca por baal. Segundo, o serviço cristão nunca é feito por pessoas desocupadas. Davi estava no campo cuidando das ovelhas quando foi ungido rei de Israel. Por sinal, o primeiro rei (Saul) ao receber a responsabilidade de administrar o povo escolhido, estava ocupado em seus afazeres cotidianos. Pedro cuidava de suas obrigações pesqueiras quando foi chamado pelo mestre para segui-lo. Continuar esta lista seria algo cansativo, dada  a sua amplitude. Terceiro, embrenhar-se na seara cristã tem um custo. A renúncia é a demonstração mais evidente por parte dos fiéis que decidem fazer a obra de Deus. Ao matar a junta de bois e servir ao povo como alimento, o sucessor de Elias sinalizou para outro aspecto da sua compreensão do que é a chamada divina, a qual é a real noção de que o homem de Deus - neste caso, o líder espiritual precisa servir antes mesmo de ser servido, alimentar a multidão faminta não apenas com o pão espiritual, mas também com o material. Quando da multiplicação dos pães e dos peixes, porventura Jesus não poderia simplesmente fazê-los cair do céu, como ocorreu com o maná do deserto? Todavia, preferiu este que seus discípulos – futuros apóstolos encontrassem uma solução para alimentar a grande multidão faminta.  “... onde compraremos pão para estes comerem?” (Jo 6.5). sabia que não teria que cuidar só da alma do povo. Somado a isto, vinha a manutenção do corpo e suas necessidades. Deus atende ao homem em sua plenitude tricotômica (corpo, alma e espírito). 

-A obra de Deus é feita por homens vocacionados. Muitos obreiros confundem vocação com profissão. Erroneamente, esperam ser servidos ao invés de servir. Várias consagrações ministeriais hoje (inclusive de pastores), não passam pelo olhar meticuloso do “LOGOS” divino. São homens arrogantes, pedantes, mais amantes dos prazeres efêmeros do que dos valores celestiais. Jamais passariam pelo crivo das escrituras sagradas.

-A obra de Deus é feita por quem está debaixo da unção. Eliseu estava acobertado da unção celestial. Nenhum ministério prospera se não estiver enquadrado nesta verdade. Saul fez de tudo para se manter num reinado fracassado, rejeitado por Deus. Mas já não tinha mais a unção. O dono da obra já o tinha passado a outro.

-A obra de Deus é feita também mediante a habilitação. Por causa da ignorância que causa a miopia espiritual, alguns ignoram este fato. Principalmente no tempo em que vivemos, é necessário sim, combinar unção e habilitação, para que a igreja não sofra, como tem sofrido tanto, sendo conduzida por pessoas despreparadas, promovendo o caos entre o povo escolhido, em nome de uma “unção” duvidosa.       

ELIAS E O DISCIPULADO ELISEU. Lendo o texto de 2 Re 2.1-8, encontramos alguns pré-requisitos interessantes, no preparo de Eliseu para substituir seu amigo.

-Familiarização com o que Deus iria fazer.Então os filhos dos profetas que estavam em Betel saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o SENHOR hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Também eu bem o sei; calai-vos”. Eliseu estava preparado em todos os aspectos para ver o grande milagre acontecer. Isto denota afinidade primeiramente com o Senhor, e ainda, com o seu orientador.

-Perseverança.  “E Elias lhe disse: Eliseu fica-te aqui, porque o SENHOR me enviou a Jericó. Porém ele disse: Vive o SENHOR, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Jericó”. Tratava-se de um teste. Aquele gigante espiritual queria ter plena certeza de que estaria deixando a continuidade dos trabalhos, com alguém que estava não só envolvido, mas acima de tudo, comprometido com a grande missão de conduzir o povo à verdadeira adoração a Deus.

-Constante vigilância. “O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes”.

“A história da chamada de Eliseu e como se deu o seu discipulado deveria servir de padrão para os ministros hodiernos! Infelizmente a qualidade dos ministros evangélicos tem caído muito e a fragmentação das Convenções e Concílios tem uma boa parcela de contribuição nesse processo. Geralmente o processo pela disputa de domínio de determinado espaço ou território entre as lideranças, que não chegando a um consenso sobre as suas esferas de atuação, resolvem dividir de forma litigiosa determinado campo pastoral. Feito isso, a parte menor passa a consagrar ministros para que uma nova convenção ou Concílio seja formado. É exatamente aí que as qualificações exigidas para a apresentação de um Ministro da Palavra costumam ser esquecidos” (Gonçalves, 2012, p. 98). Segundo afirma este teólogo, comportamento como este, aponta para outra forma de ver o evangelho, que passa a primar não mais pela qualidade do pastor e de seus liderados, mas para a quantidade. Em outras palavras, é o número em detrimento da essência. Que Deus proteja o seu povo de tamanha agressão aos princípio bíblicos cristãos!

-Quando os Ministros são colocados neste posto apenas por convenção, de acordo com o que foi relatado anteriormente, acontece o que foi comprovado em pesquisa feita por Bill McCartney, diretor de um grande ministério para homens, entre pastores americanos: “80% crêem que o exercício do ministério tem empobrecido sua vida familiar; 33% crêem que a Igreja é responsável pelos desastres familiares em suas famílias; 50% sentem-se incapazes para o exercício ministerial; 90% rejeitam o treinamento que receberam, acham que os seminários são inadequados para a tarefa de treinar pastores; 70% tem uma autoestima mais baixa hoje do que quando começaram o ministério; 37% estiveram ou estão envolvidos em uma aventura sexual ilícita com membros de sua Igreja; 70% disseram que não tem um só amigo; 40% pensam seriamente em desistir do ministério” (Gonçalves, 2012, p. 99).   

O LEGADO DE ELIAS. “Ninguém conseguirá ser um homem de Deus como Elias o foi, se não possuir valores morais e espirituais bem definidos”.
-Um legado espiritual. Ainda que tivesse todos os bens do mundo, em nada se compararia com o tesouro espiritual deixado por este profeta para o mundo inteiro. Tratava-se de um ser de zelo profundo pela adoração verdadeira. Por conta disso, viu-se no dever de confrontar a ímpia Jezabel, o desviado Acabe, os 450 profetas de baal, além dos 400 de aserá, confiando inteiramente na providência e na manifestação do poder extraordinário de Deus em seu favor e em defesa da fé genuína (1 Re 18.1-36). Daniel e seus amigos foram tentados a comer dos manjares oferecidos aos ídolos e posteriormente, a se prostrarem ante a imagem esculpida de Nabucodonosor, rei de babilônia. Apesar das provocações e ameaças, estes preferiram se manter leais ao seu Deus, mantendo-se firmes em suas convicções espirituais aprendidas de seus pais sanguíneos e na fé.  

-Um legado moral. Mesmo tendo toda a noção dos riscos que corria, não deixou de denunciar as ações inexcrupulosas do rei. Fez questão de entregar os profetas que “comiam na mesa de Jezabel” (1 Re 18.19).  Indignou-se e denunciou a Acabe, por ter usado de má fé, para possuir a vinha de Nabote, inclusive cometendo homicídio por meio de sua mulher (1 Re 21.17-20). Escrevendo aos Filipenses, afirmou, certa vez Paulo: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam” (Fp 3.17). Está aqui implícito a conduta moral que os apóstolos tinham que possuir para que pudessem reproduzir aos seus liderados. É claro que não se trata aqui de cópia robótica, mas de modelos de vida que atestem na prática, o poder regenerador da presença de Deus na vida do homem.    

Finalmente, o legado de Elias remete-nos à percepção da necessidade de resgatarmos tudo aquilo que vem se dizimando ao longo dos dias, do meio cristão: A adoração sincera, a prestação de serviço com maior zelo, conduta condizente com a Palavra de Deus e modelos que inspirem os fiéis e a sociedade, pelo testemunho incontestável .

Existem muitos crentes equivocados, pensando que adoração pagã é somente estar prostrado diante de um deus a exemplo de baal ou a uma imagem de escultura. Não podemos esquecer que quando adoramos por vaidade, exibicionismo ou quando vamos ao culto sem propósitos, apenas para prestar satisfações ao pastor ou dirigente, não deixa de ser, também uma forma pagã de adorar. Outros, assim como agem alguns mundanos que almejam ingressar no serviço público para ter o emprego e não o trabalho, agem de modo semelhante buscando títulos e mais títulos na Igreja, mas não apresentam nenhuma produtividade, nem resultado de suas ações. Nós, cristãos da sociedade moderna podemos agir no mundo com ações de moralidade sem o moralismo utópico que não ajuda a ninguém. O nosso mestre Jesus teve uma vida moral, de valorização das pessoas, de cumprimento com suas obrigações perante seu semelhante e o estado. Temos o privilégio de sermos os “Elias” e “Eliseus” de nossa geração, pondo em prática as evidências de uma transformação radical que só Jesus foi capaz de fazer em nossas vidas, mediante a sua morte na cruz do calvário. Não podemos, sob nenhuma hipótese, pactuarmos com Acabe e a lacaia da sua esposa, com práticas desumanas e antibíblicas. A cada dia somos testados em nossas convicções e devoção Deus. Cabe-nos dar as respostas devidas a uma geração que clama por justiça, paz, esperança e amor (sobretudo este).

A sociedade está carente de bons exemplos (modelos). No cenário político, encontramos uma parcela insignificante de pessoas com dignidade moral que possam nos orgulhar. O noticiário diário dificilmente apresenta uma matéria capaz de empolgar os cidadãos. Vai desde aumentos exorbitantes de salários à corrupção nos mais baixos níveis, além da falta ética, como é o caso da eleição de um senador à presidência do Senado, estando este sob denúncia do Ministério Público, de ter usado o erário público para fins pessoais. Da mesma forma, acontece na religião. Os líderes atuais não estão um pouco preocupados em ser o exemplo para os fiéis. Não vemos bons exemplos nas Convenções e concílios. Os ‘grandes homens de Deus’ desses dias, manipulam a Bíblia Sagrada, imitam a Igreja romana com venda de indulgências (com outras roupagens) e, não são capazes de assumir seus erros humilhando-se perante o Senhor, como fez Davi, quando advertido pelo profeta Natã.

Esperamos que as lições de vida de Elias sirvam para moldar o caráter daqueles que foram chamados por Cristo para ser profetas e sacerdotes com vistas a contemplar o mundo e suas carências.     





Referências:

GONÇALVES, José. O legado de Elias. In: Lições bíblicas para a Escola Dominical. 1º trimestre de 2013. Rio de Janeiro, CPAD.

BARBOSA, Francisco de Assis. Porção dobrada. CPAD: Rio de Janeiro, 2012.

BÍBLIA SAGRADA ELETRÔNICA. VERSÃO 3.6.1

BÍBLIA SAGRADA. VERSÃO DIGITAL 6.7.





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Edilson Moraes dos Santos

Professor da EBD – Deptº Jovens e adultos.

Graduando em Letras Vernáculas – UNEB.

Membro da Igreja Assembléia de Deus.

Euclides da Cunha – BA.

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