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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A VIÚVA DE SAREPTA





Edilson Moraes dos Santos1





Texto bíblico: 1Re 17.8-16

ABERTURA. “Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de maneira que em toda a terra houve grande fome; E a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva” (Lc 4.25,26). Embora não saibamos muita coisa a respeito da figura da viúva de Sarepta, alguns aspectos que envolvem a sua introdução na história do tesbita merecem ser verificados e, partindo daí, compreendermos que para atender às carências dos seus servos, utiliza-se de mecanismos que nem sempre estão ao alcance da compreensão humana. Faz com que corvos sirvam de transporte para conduzir alimento ao profeta, mesmo sendo esta ave tida como imunda para os legalistas judeus; serve-se de uma viúva pobre, fora dos termos de Israel, para suster aquele que desafiou corajosamente a casa de Acabe com toda a sua apostasia religiosa. Não obstante o fato de estar debaixo do manto do anonimato – ao menos é o que parece, o cruzamento dessa viúva no caminho de Elias está repleto de significados e simbologias tão relevantes que apenas cabe à história retratá-la, assim como fez o mestre Jesus Cristo, quando de sua justificação para a rejeição de seu povo ao seu ministério profético e terreno. Na realidade, não somente as pessoas, mas ainda o espaço geográfico envoltos num fenômeno de movimentação e quietude peculiar a alguém que busca ansiosamente por refúgio, como o registrado neste episódio.

UM PROFETA EM TERRA ESTARNGEIRA. Sidom era uma antiga cidade fenícia localizada a aproximadamente 32 quilômetros ao norte de Tiro e à mesma distância ao sul de Beirute. Atrás dela estavam as montanhas do Líbano. Sidom foi fundada pelo filho de Canaã, conforme Gênesis 10.15. Ela gradualmente assumiu o domínio da costa fenícia e o manteve por diversos séculos, quando finalmente, perdeu-o para tiro. Sidom ficava nos limites de Zebulom: foi cedida a Aser, e ocupada; mas a idolatria de seus habitantes, que não tinham sido expulsos, era um laço para os israelitas. Do mesmo modo que Tiro, que fica uns 32 quilômetros ao sul, vivia Sidom em estreita aliança com os israelitas. Um dos seus reis foi Etbaal, pai de Jezabel, mulher de Acabe (1Re 16.31); a cidade Sidom foi denunciada pelos profetas (Is 23; Jr 25.22; Ez 28. 21,22; Jl 3.4).

Sarepta. A cidade estava localizada a aproximadamente treze quilômetros ao sul de Sidom, ao longo da costa mediterrânea, na estrada para Tiro. Também é conhecida como Zarefate em algumas versões (Ob 1.20), e como Sarepta no NT (Lc 4.26). É a moderna Sarafand.

A fuga de Elias para Sarepta, em Sidom, geograficamente é uma estratégia ousada e arriscada da qual poucos se habilitariam empreender. Além disso, trás para a história judaico-cristã, um significado marcante do qual não há como refutar. Como foragido que era sob o risco de cair nas mãos de Jezabel, que certamente não mediria esforços para tirar-lhe a vida, necessitava o profeta refugiar-se em um local que não respirasse suspeita para seus adversários. Sem dúvida, seria muito difícil a rainha imaginar que o profeta iria buscar abrigo justamente em suas terras (Sidom). 

Por outro lado, tratava-se de um acontecimento que aponta para o projeto cristocêntrico de expansão do evangelho. Mais uma vez, já no AT Deus deixa bem nítido para o mundo pagão e abraâmico sua pretensão no que tange à universalização da salvação da alma tanto do grego quanto do judeu. Fato semelhante ocorreu a Raabe quando deu esconderijo aos espias de Josué, ao sondarem a fortaleza de Jericó. Esta obteve daqueles varões a promessa de que poupariam a sua casa mediante a demarcação estabelecida por uma fita de escarlate. Superados os limites étnicos (Cananéia) e comportamentais (prostituta), por intermédio de sua conversão ao cristianismo, galgou como prêmio o privilégio de fazer parte do povo de Deus - "Assim deu Josué vida à prostituta Raabe e à família de seu pai, e a tudo quanto tinha; e habitou no meio de Israel até ao dia de hoje; porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado a espiar a Jericó" (Js 6.25). Ademais, pelo entendimento de alguns teólogos, esta Raabe pode ser a mesma que aparece na genealogoia de Cristo, via casamento com Salmom - "E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom; E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé" (Mt 1.4,5).

O fato de preparar uma viúva pobre, com o último bocado que tinha para si e para seu filho, como instrumento de bênção para o profeta e, mediante este feito, um grande livramento para ela e sua casa, aponta para a revelação de um Ser que não julga segundo a aparência do sujeito. Dentre todos os filhos de Jessé, passando pelos mais valorosos aos mais privilegiados fisicamente, achou por bem escolher o pequeno Davi, para ser o Rei de Israel, em substituição a Saul. A explicação é que aquele possuía algo que seus irmãos não valorizavam: o temor e respeito ao nome do Senhor, além da humildade e simplicidade. Ele não precisa de coisas grandes para realizar grandes feitos. Ter alguma coisa em mãos, já é suficiente para se tornar em algo gigante nas mãos de Deus.

Dependência de Deus. Este é o sentimento que deve preencher a alma do cristão. De modo geral, o mundo depende de Deus para a sua firmação. Em sua jornada profética, desde antes mesmo do confronto no Carmelo, Elias esteve firmado neste fundamento. A incapacidade do homem de superar obstáculos por si só, o faz perceber a cada instante da vida que necessita da intervenção de alguém que possa, de alguma forma tomar as rédeas da situação. Boice, (2011) escreve: “Remova a providência de Deus da natureza, e não somente toda a sensação de segurança irá embora, mas também o mundo se acabará; mudanças sem sentido logo substituirão sua ordem”.    

UMA ESTRANGEIRA NO PLANO DE DEUS. Segundo Gonçalves (2012), este encontro do profeta com a viúva é um episódio emblemático por diferentes motivos: primeiro, evidencia o zelo de Deus por aqueles que se predispõem a fazer a sua vontade, com zelo e fidelidade, abrindo mão do conforto e comodismo, para que os povos venham ao pleno arrependimento, alcançando o perdão de seus pecados. Em segundo lugar, confirmando o que Cristo disse a Pedro quando foi dirigido a pregar aos gentios, “Deus não faz acepção de pessoa.” Mesmo sendo aquela mulher, uma gentia, Deus não enxergou nenhum impedimento em utilizar de seus serviços para dar andamento ao seu projeto de restauração de Israel. A bênção do Senhor na vida dessa mulher é uma demonstração clara do grande amor de Deus por toda a humanidade, que não quer que ninguém se condene, “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Pode-se extrair desse episódio na casa da viúva, princípios que poderão ser divisores de água na vida do cristão, convicto do que Deus é capaz de fazer. (1) O milagre acontece a partir do que se tem. “Porém ela disse: Vive o SENHOR teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija; e vês aqui apanhei dois cavacos, e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos, e morramos” (1Re 17.12). Moisés precisou ter em mãos, apenas uma vara para confrontar os magos de Faraó e, posteriormente, abrir o Mar Vermelho. Para alimentar uma grande multidão Jesus só precisou encontrar alguém que tivesse cinco pães e dois peixes. Todos comeram e ainda sobraram doze cestos. 

(2) O milagre acontece quando Deus é colocado em primeiro lugar. “E Elias lhe disse: Não temas; vai, faze conforme a tua palavra; porém faze dele primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-mo aqui; depois farás para ti e para teu filho” (1Re 17.13). Crer implica abrir mão de todo o tipo de egoísmo. Nem sempre ser o primeiro significa garantia de vantagem. A mulher deu exemplo de renúncia, inclusive da própria vida e a de seu filho, pois que garantia havia de que o que profeta dissera seria, de fato, verdadeiro? Tratava-se de um estranho. No entanto, ela creu e isto foi suficiente para a ocorrência do milagre – diga-se de passagem, um dos mais poéticos e curiosos da Bíblia sagrada. 

(3) O milagre acontece quando obedecemos à Palavra de Deus. “Porque assim diz o SENHOR Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará até ao dia em que o SENHOR dê chuva sobre a terra. E ela foi e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos dias” (1 Re 17.15). O termo punhado indica que se trata de algo bem pouco. Quando agimos pela Palavra de Deus, não há como sermos decepcionados, pois Ele sempre vela para cumprí-la. Estando avançados em idade, disse a Abraão e Sara que lhes daria um filho. Tiveram a Isaque – o filho da promessa. Prometeu a Israel que tomariam posse da terra de Canaã. Levantou a Moisés e a Josué, como grandes líderes derrotaram nações muito mais poderosas, cumprindo assim a sua promessa.

A VIÚVA. “eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente” (1Re 17.9). A situação social das viúvas naquela época era de extrema vulnerabilidade. Numa casa em que não houvesse a presença do homem, como mantenedor, não inspirava muita segurança. Por isso, Deus sempre advertiu o povo israelita para dar assistência aos órfãos e viúvas, que não eram poucas, se considerarmos a quantidade de soldados mortos durante as batalhas.  “A nenhuma viúva nem órfão afligireis. Se de algum modo os afligires, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor” (Êx 22.22). Noemi sentiu na pele o quanto é sofrido passar por essa experiência. Após perder seu marido, perdeu também seus dois filhos, restando-lhe além da dor da viuvez, ver suas noras trilhar o mesmo caminho que ela, sem nenhuma expectativa à vista. “Porém Noemi disse: Voltai minhas filhas. Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos sejam por maridos? Voltai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e ainda tivesse filhos, esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes marido? Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do SENHOR se descarregou contra mim” (Ru 1.11-13). Aquela mulher que antes dispunha de todo o cuidado de seu marido acha-se desolada, frágil e dependente agora da boa vontade de terceiros.

De acordo com o Dicionário Wycliffe, A Bíblia apresenta a viúva como uma pessoa necessitada em termos de proteção e sustento, e que deve ser honrada e respeitada. Desse modo, a cidade de Jerusalém, destruída, é apresentada como uma viúva. “Como se acha solitária aquela cidade... Tornou-se como viúva...” (Lm 1.1).
Sob a lei mosaica, o cuidado para com a viúva era considerado uma responsabilidade dos parentes, e era dos deveres atribuídos ao filho mais velho, que recebia a primogenitura.
Com relação á viúva casar-se outra vez, se não tivesse filhos, esperava-se que ela com o irmão ou com um parente próximo do seu falecido marido (Dt 25.5). se alguém prejudicasse uma viúva ou um órfão, e esta pessoa, aflita, clamasse ao senhor, Ele enviaria uma vingança rápida (Êx 22.22-24).
Na Igreja cristã primitiva, o cuidado pelas viúvas recebeu uma pronta atenção quando “houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque suas viúvas eram desprezadas no cotidiano” (At 6.1). Sete diáconos foram escolhidos para cuidar desse importante assunto. Depois disso, uma atenção especial foi demonstrada no cuidado das viúvas: “Se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1Tm 5.8). Quatro classes de viúvas são mencionadas por Paulo neste capítulo: (1) a viúva de fato, que está desolada, que confia em Deus, e que persevera em oração noite e dia; (2) a viúva que tem filhos; (3) a viúva que procura os prazeres; (4) a viúva inscrita. Esta deve ter no mínimo sessenta anos de idade, ser zelosa de boas obras, ter criado filhos, exercitado hospitalidade, socorrido os aflitos, lavado os pés aos santos, e “sido mulher de um só marido” (cf 1Tm 5.3-10).
“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27).

PALMA - kaph ih?): "palma (da mão)”. Os cognatos deste substantivo são atestados no acadiano, ugarítico, aramaico, árabe, etiópico e egípcio. Ocorre por volta de 193 vezes no hebraico bíblico e em todos os períodos. Basicamente, 'kaph' representa a “palma”, a parte côncava da mão em oposição aos dedos e o dorso da mão. Lemos que parte do ritual da purificação de um leproso é que "o sacerdote tomara do logue de azeite e o derramara na palma da sua própria mão esquerda" (Lv 14.15). A palavra descreve toda a face anterior da mão quando é posta em forma de concha ou a “concavidade da mão”. Deus disse a Moisés: “Quando a minha glória passar, te porei numa fenda da penha e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado" (Ex 33.22; cf. Sl 139.5).

Esta palavra significa “punho”, especificamente o interior do punho. A mulher de Sarepta disse a Elias: “Vive o SENHOR, teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija” (1 Rs 17.12). Tratava-se, realmente, de quantidade muito pequena de farinha — o suficiente para fazer apenas um pequeno biscoito. (Dicionário Vine - CPAD).

O PODER DA ORAÇÃO. A cada dia que passa, a preocupação com a oração se esvai, ocasionando um a série de implicações para o desenvolvimento cristão. Num mundo onde se busca a facilidade e rapidez, parar para períodos de oração ou leitura da Bíblia, tem se tornado objeto de luxo. Tratando desse assunto, o professor e pesquisador José Roberto A. Barbosa afirma: “Essa, certamente, é a geração que se esqueceu de orar. As pessoas, confiantes em seus aparatos tecnológicos, vivem como se Deus pudesse ser desconsiderado”.

PODE MUITO EM SEUS EFEITOS - energeõ (€i*epyci.j), "aplicar poder, ser operativo. trabalhar" (seu significado habitual), é verbo que aparece cm 2 Co 1.6 (ARA): Gl 2.8 e 1 Ts 2.13 (ARA). Em Tg 5.16. a palavra supérflua “eficaz" é omitida, a sentença é traduzida por: “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos", estando o verbo na forma participial presente. Aqui o significado pode ser “um seu trabalho interior**, ou seja, no efeito produzido na pessoa que ora, colocando-a em linha com a vontade de Deus, como no caso de Elias. (Dicionário Vine - CPAD). INTERCESSÃO (A) Substantivo. enteuxis (IvtcuÇiç) denota primariamente “iluminação em, encontro com” (cognato de B); então, “conversação"; por conseguinte, “petição”, significado frequente nos papiros; é termo técnico para descrever a aproximação a um rei, e, assim, para se chegar a Deus em “intercessão”. É traduzido em 1 Tm 4.5 por “oração"; no plural, ocorre em 1Tm 2.1 (ou seja. buscando a presença e ouvindo de Deus em favor de outros). sinônimos proseuche, deesis. (B) Verbos. 1. entunchanõ (evTvyxái/b)), primariamente “concordar com, harmonizar-se com, encontrar-se para conversar"; portanto, “fazer petição", especialmente “fazer intercessão, pleitear com uma pessoa”, quer a favor ou contra outros: (a) contra (At 25.24, “tem falado”, ou seja, contra Paulo); como Rm 11.2, refere-se a Elias que “fala” a Deus contra Israel; (b) a favor, em Rm 8.27, acerca da obra intercessora do Espírito Santo em favor dos santos: Rm 8.34, a respeito de semelhante obra intercessora de Jesus; o mesmo se dá em Hb 7.25. 2. huperentunchanò ( tm c p e i/T ir y x á v iij) , “fazer petição” ou “interceder em favor de outrem” (formado de huper, “em favor de”), é usado em Rm 8.26, acerca do trabalho do Espírito Santo em fazer “intercessão” (veja Rm 8.27). (Dicionário Vine - CPAD).

QUERITE - “Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão”. Sendo orientado a ficar por um tempo no Ribeiro de Querite, provisoriamente, pois este era um rio em que só mantinha água de tempo em tempo, por depender da chuva que estava suspensa por aqueles dias, Elias se manteve sob os cuidados diretos do Senhor. Há uma grande possibildade deste lugar fazer parte de uma das etapas do tratamento da depressão do profeta. Não é de se estranhar, assim como não é por acaso, esta mobilidade física a que é submetido o servo de Deus. Após a comprovação da sequidão do rio, vê-se agora o profeta obrigado a tomar outro destino. Neste particular, Querite é espaço de insegurança e preocupação. A permanência neste local é morte certa. A palavra de Deus é a fonte que sacia a sede ao sedento. O salmista afirma que “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1,2).


CONCLUSÃO. Elias foi um homem como os demais. Por obedecer ao chamado de Deus, para combater a apostasia de Acabe, viu-se obrigado a viver como fugitivo e na sua vida de fuga teve o prazer de ver o quanto Deus é poderoso, provendo, de onde menos poderia imaginar o socorro na hora certa. Para Deus não é difícil abençoar, quando encontra corações dispostos a renunciar seus interesses pessoais, obedecendo a voz do Senhor, priorizando a sua vontade, como fez a viúva de Sarepta dando crédito ao profeta, mesmo sendo esta membro de uma sociedade pagã.  

As mudanças que ocorrem na vida do cristão são na verdade, meios didáticos utilizados por Deus para nos fazer chegar ao ápice dos seus propósitos preestabelecidos com cada indivíduo. É certo que as variáveis decorrentes da nossa estadia neste mundo, causam-nos espanto e insegurança. Toda mudança gera expectativa, por se tratar de algo novo do qual não se sabe ainda o que virá pela frente; se teremos ou não resistência suficiente para esta nova etapa. No entanto, é imprescindível que saiamos do 'lugar' em que não nos compete mais estar, para assumirmos o outro que nos permitirá chegar a lugares mais altos, a conquistas mais significativas e, sobretudo ao amadurecimento espiritual, emocional e físico. Mediante tais acontecimentos, podemos atingir a "estatura de varão perfeito", como informa-nos o apóstolo Paulo.

Deus não se limita à cultura de um país, aspectos geográficos ou ao status social para se fazer conhecer entre as nações. Ele precisa ser revelado entre os povos. É no convívio com o outro, entendendo as suas carências e virtudes e, de maneira especial sua individualidade e humanidade, que podemos ser canais de bênção para o mundo. Elias não fez caso do fato de ter que ser alimentado por uma viúva faminta e desolada; ‘gravetos’ e ‘punhado’ simbolizam bem a situação paupérrima em que se encontrava aquela pobre senhora. Impacto maior, o fato de ser uma estrangeira. O enredo nos mostra que devemos estar abertos para as outras vivências. Não pecamos quando ouvimos as demandas das pessoas, ainda que sejam estranhas. Erramos, quando somos ignorantes ao ponto de achar que nos contaminamos ao nos aproximar das outras culturas, dos outros povos.

Muitas vezes não entendemos o fazer de Deus. Todavia, faz parte de seu modo de agir, nos impulsionar para as regiões da insignificância, para então, entendermos o quão grande e poderoso é, para livrar os seus. Faz com que coisas pequenas e irrelevantes se tornem grandes e significativas para a nossa vida, como fez com Elias.

Desse modo, ouçamos a voz de Deus. Saiamos de Querite em direção a Sarepta para abençoarmos as viúvas e órfãos – que neste caso representam o mundo a ser evangelizado e as vidas a serem alcançadas para o Reino de Deus. Ouçamos o clamor: “Passa a macedônia e ajuda-nos”.  

   


Referências:


BARBOSA, Francisco de A. Porção dobrada. CPAD: Rio de Janeiro, 2012.

BÍBLIA SAGRADA. VERSÃO DIGITAL 6.7.

BOICE, James M. Fundamentos da fé cristã – Um manual de teologia ao alcance de todos. Central Gospel: Rio de janeiro, 2011.

DICIONÁRIO BÍBLICO UNIVERSAL. EDITORA VIDA: 1996.

Disponível: http://www.portalebd.org.br/classes/jovens-e-adultos/item/2055-1º-trim-2013-lição-6-a-viúva-de-sarepta. Acesso em 06/02/2013.

Disponível: http://luloure.blogspot.com.br/2013/02/aula-06-viuva-de-sarepta.html. Acesso em 06/02/2013.

Disponível: http://www.portalebd.org.br/files/1T2013_L6_Luiz.pdf/ Acesso em 06/02/2013.

Disponível: 
http://adpb.com.br/portal/edificacao/ebd-a-viuva-de-sarepta-10-de-fevereiro-de-2013/ Acesso em 06/02/2013.

GONÇALVES, José. A viúva de Sarepta. In: Lições bíblicas para a Escola Dominical. 1º trimestre de 2013. Rio de Janeiro, CPAD.

PFEIFFER, C. F; VOS, H. F; REA, J. Wycliffe: Dicionário bíblico. CPAD: Rio de Janeiro, 2010.





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1Professor da EBD – Dept.º Jovens e Adultos; Graduando em Letras Vernáculas; Iniciação em Teologia.
Igreja Evangélica Assembléia de Deus - Euclides da Cunha – BA.

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