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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

ELIAS E OS PROFETAS DE BAAL

Por: Edilson Moraes


O povo hebreu estava confuso a respeito da adoração. Com o reinado idólatra de Acabe e Jezabel, os servos de Deus se inclinaram a dividir a adoração que antes era dirigida só a Yahweh. Falando a respeito de baal, o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

“Era o deus supremo dos cananeus. Em hebraico, Baal significa senhor. Seus adoradores acreditavam que o ídolo fosse o responsável pela abundância da terra e pela fertilidade do ventre. Sendo o deus da fertilidade, seu culto era marcado pela crueldade e por uma devassidão que envergonharia até Sodoma e Gomorra. Em suas cerimônias havia sacrifícios de vítimas humanas, orgias e os mais inimagináveis desregramentos; e, logicamente, louvores a Baal”.

A adoração ao deus pagão baal, pelo povo de Israel, foi a razão pela qual por pouco foi extinta a adoração cristã a Jeová. O escritor Andrew K. Helmbold (2010, pp. 766, 767) declara que a inclinação do povo para adorar a baal colocou em xeque a adoração ao Senhor, ao ponto de se tornar uma séria rival ao culto cristão:
"A ampla supremacia do seu culto é comprovada pela aparição do seu nome em fontes da Babilônia, aramaicas, fenícias, púnicas, de Ugarite e do Egito. Durante o período de Ramessés ele foi equiparado a Sete. Os seus títulos eram Zabul, 'exaltado, senhor da terra'; Ba'al Shamen, 'senhor dos céus' (em fenício, mas não na antiga Ugarite); Rokeb 'arufot, 'o que cavlga as nuvens'. O lugar egípcio de nome baal Saphon (lit. baal do Norte, Baal do Monte cássio) indica que seu culto era conhecido no Egito. O Antigo Testamento refere-se às muitas imagens locais de Baal com Baalins, a forma plural de Baal."
O texto de 1 Reis 18.19 evidencia duas situações relevantes, no que concerne aos profetas que foram desafiados por Elias: (1) além dos quatrocentos e cinquenta profetas de baal, haviam também quatrocentos de asera, tida como a deusa mãe da fertilidade humana e dos animais, o que representava uma oportunidade à mais para o paganismo entre os judeus; (2) os profetas eram extremamente subordinados a Acabe e a Jezabel. Eram, dessa forma, pagos para profetizar exatamente aquilo que o rei e a rainha queriam ouvir, pois comiam da 'mesa de Jezabel'.  Agora, pois, manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo; como também os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel.

Não se tratava apenas de uma religião pagã, mas o fato dessa se tornar a religião oficial e sua institucionalização em todo o reino sob o domínio de Acabe. Apenas o fato de ser um culto a ídolos, por si só já é suficiente para a reprovação cristã. Como se não bastasse, o formato litúrgico dessa religião envolvia sacrifícios humanos principalmente crianças, lascívia, bebedice e toda sorte de práticas abomináveis. 

Os perigos do sincretismo religioso. Significa "fusão de elementos culturais diferentes, ou até antagônicos, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns sinais originais". Ao casar-se com Jezabel, Acabe assume a responsabilidade pela abertura da porta para a mistura das religiões judaicas e cananéias. Duas culturas extremamente diferentes, resultando numa Babel sem precedentes na história. A proposta de Jezabel, na condição de porta-voz do anti-cristo era exatamente promover confusão entre os judeus, tendo como resultado a ruptura destes com o seu Deus. Desde os primórdios, sob o pretexto da junção/unificação das religiões, em nome, dizem do respeito às culturas diversas, adota-se a estratégia da mudança dos nomes dos deuses para facilitar a aceitação por parte das demais culturas. Dessa forma, o Deus Sol, a Lua (Rainha do Céu), e o Filho do Sol (Babilônia) são respectivamente Ozires, Izis e Horus (Egito); Zeus Afrodite e Eros (Grécia); Júpter, Vênus e Cupido (Roma). 


Em se tratando de Brasil, qualquer semelhança não é mera coincidência. O terreno é fértil. Com a miscigenação peculiar ao nosso país, não só no campo étnico como também na religiosidade, a adoção do sincretismo foi o caminho encontrado para facilitar as coisas. A Igreja romana encontrou um jeitinho de se manter alinhada com os comportamentos pagãos advindos de todos os cantos do mundo, em especial da África, berço do candomblé, magia negra, feitiçarias e outras. A necessidade de adequações permitiu os ajustes dos nomes dos deuses, conforme veremos a seguir: Ogum = Santo antonio; Oxossi = São Sebastião; Xangô - São Jerônimo; Iemanjá = Nossa Senhora dos navegantes/Nossa Senhora Aparecida; Oxum = Nossa Senhora da Conceição; Iansã = Santa Bárbara; Omolu = São Lázaro.    


A resposta divina ao sincretismo religioso. "Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego (1 Re 18.38)". O desafio foi: "... aquele que responder com fogo, este será Deus." Os representantes das religiões alí representadas nada puderam fazer para ajudar a fortalecer os nomes de seus deuses. Mesmo tendo oferecido o sacrifício, inclusive a auto-flagelação, pois se retalhram, encharcando o altar com o próprio sangue. Não houve da parte baal nenhuma reação. Por outro lado, ao clamar ao Deus de Isaque, Abraão e Jacó o profeta imediatamente obtém a resposta do alto, como se vê na citação acima. "E Elias lhes disse: Lançai mão dos profetas de Baal, que nenhum deles escape. E lançaram mão deles; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom, e ali os matou (1 Re 18.40)". Por mais que pareça cruel, principalmente naquele momento histórico em que a idolatria era punida com a morte, por força da Lei mosaica, esta era uma demonstração de quanto Deus abomina o sincretismo religioso e a adoração a deuses estranhos. O que noutro momento resultava na morte física, hoje resulta na perda da salvação da alma.


Ao responder à Elias, por fogo, Deus aponta para outros significados que orbitam em torno de uma verdadeira adoração. (1) A necessidade da restauração do altar. A exclusividade divina é uma das marcas mais significativas da adoração genuinamente bíblica. Assim como não há condição de manter comunhão com as trevas, não há como oferecer no mesmo altar dos ídolos, sacrifícios ao Deus Jeová. (2) Na adoração verdadeira, a ação do adorador é evidente e respeitada. (3) Há o testemunho histórico para ratificar e reforçar a credibilidade dos envolvidos. (4) Ocorre, da parte de Deus um retorno/resposta e o mover do Espírito Santo (ECHOS) para consolidar a ação divina na vida do fiel.    


Aserá. Para os cananeus, esta era a deusa-mãe responsável pela fertilidade humana e animal e assim como baal, foi uma pedra de tropeço para os judeus que influenciado por seus líderes passaram a sacrificar em seus altares em cima dos montes espalhados por todo o Reino do Norte. Comentando a respeito dessa deusa, escreve o professor Francisco A. Barbosa:
“Os israelitas adotaram a adoração a Astarote juntamente com a adoração a Baal logo após chegarem à terra prometida (Jz 2.13). Era uma adoração comum no tempo de Samuel (1Sm 7.3,4; 12.10), tendo recebido sanção real por parte de Salomão (1Rs 11.5). Outra expressão correspondente a Asera é “poste-ídolo”. O Antigo Testamento se refere algumas vezes ao poste-ídolo como uma deusa (2Rs 23.4 – Almeida Revista e Atualizada), interessante que a NVI (Nova Versão Internacional) traduz essa mesma expressão por “Aserá”, o poste-ídolo também é usado acerca de uma imagem feita para essa deusa (1Rs 15.13 – Almeida Revista e Atualizada). Em hebraico, transliterado, temos Ashtoreth (em ugarítico ‘Attart eem acádico As-tar-tu). Era adorada sobretudo na região do atual Líbano (Tiro, Sidom e Biblos), pelos cananeus (1Rs 11.5), mas também em Malta, Sardenha, Sicília, Chipre e Egito. No mundo latino foi identificada com Vêneris; no Egito com Ísidis. Em época helenística foi identificada com Afrodite ou com a deusa Síria. Tinha como símbolos o leão, o cavalo, a esfinge e a pomba. Era a deusa da fertilidade, do amor e da guerra. Aparece diversas vezes no Antigo Testamento e o vocábulo hebraico usado reconduz ao termo hebraico “vergonha”, mostrando o juízo negativo do povo hebreu em relação ao culto dessa deusa”.
Falsos profetas: 
  • Profetizam por encomenda; 
  • Só dizem aquilo que possa agradar aos seus senhores; 
  • Não dizem a verdade; 
  • Não são privilegiados com o cumprimento de suas prédicas;
O paganismo institucionalizado no reinado de acabe, gerou conseqüências desastrosas para a nação. Elias, como todo bom servo temente não poderia deixar que tamanho despropósito continuasse a desafiar a operosidade do Senhor de Israel. Falando a respeito do modo como baal foi confrontado nos dias de Elias e ainda como precisa ser desmascarado nos nossos dias, o professor Francisco A. Barbosa afirma:
“A forma mais eficaz de confrontar os falsos profetas é ensinando incansavelmente a sã doutrina. Fazer o que o apóstolo Paulo recomendou a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (I Tm 4.16; II Tm 1.13; 2.15). O apóstolo dos gentios tinha um zelo doutrinário incansável, a fim de preservar a saúde espiritual do rebanho do Senhor. Por isso, ele dizia a Timóteo: “que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (II Tm 4.2; cf. 4.3-5). Quando se ensina a sã doutrina, a boca dos falsos profetas fica tapada (Tt 1.10-14)”.
O espírito de Jezabel. Ainda exerce grande influência sobre as pessoas. John Paul Jackson (2011, pp. 215-218) apresenta as características identitárias deste espírito:

-Controla a vida daqueles que se movem na esfera profética. De modo bem dissimulado, esse espírito acaba assumindo o controle emocional, espiritual, profissional e intelectual das pessoas adeptas da busca de profecias fáceis e agradáveis. Estes, não conseguem tomar decisões, por mais simples que sejam, sem que antes consulte 'os vasos', que acabam se tornando em gurus detentores do poder celeste e do conhecimento divino para guiar os indecisos.

-Utiliza-se da bajulação para conseguir méritos na Igreja. Torna-se mui amigo do Pastor para conseguir status, muitas vezes passando por cima dos outros e inventando calúnias para difamar o seu próximo. Na realidade sua intenção é assumir o comando, para inflar o seu ego e induzir os incautos ao erro.

-Forma associações com pessoas de boa índole para convencer o pastor e membros da Igreja. Têm aparência de bondade, humildade e chega até a confundir, conquistando do líder desavisado a liberdade e confiança que precisa para colocar em prática seus intentos ardilosos.

-Compartilha sonhos e visões da própria imaginação, para manipular as pessoas. Com aspecto de espiritualidade, busca firmar-se como porta-voz de Deus, entregando 'recados', fazendo orações nas casas com a intenção de manipular seus alvos, o que não é muito difícil.

-Finge ser humilde. Todavia, na primeira oportunidade que tiver, pisa em qualquer um que atravesse seu caminho e tente impedí-lo de saltar degraus desonestamente. É só uma questão de tempo para que a aparência de humildade vá embora e surja a verdadeira identidade do falsário. 

-Coloca-se sempre na defensiva. Quando pressionado por suas ações nebulosas, nunca assume que está fazendo algo fora da direção de Deus. Arrogantemente, sempre diz que está "obedecendo a Deus" ou "Deus me disse para fazer isso".

-Alega ter grandes revelações espirituais sobre o governo da Igreja. Sua intenção não é outra coisa a não ser gerar confusão entre o povo, ao ponto promover até a divisão institucional do povo. É comum ainda se apresentar nos púlpitos com mensagens eloqüentes, fervorosas o que facilita despertar as atenções para si.  

-É hábil em fazer adeptos de seus intentos. Como age todo aquele que vive de maquinar a maldade, este depende de seus seguidores para se auto-afirmar em seus 'projetos' de malícia e destruição. Normalmente são endeusados por aqueles que acreditam em seus truques.

-Prefere fazer orações pelas pessoas em locais reservados. Usa desse artifício para evitar que suas revelações mentirosas sejam questionadas e colocadas à prova. Dessa maneira, torna-se mais fácil fazer a lavagem cerebral. 

-Geralmente, faz reuniões com as pessoas para ensinar doutrinas distorcidas. Suas palavras são astutas e lisonjeiras. Fala como se tivesse a unção de Deus. Só ele(a) é entendido(a) no assunto; inclusive cita textos bíblicos com facilidade, mas completamente fora de contexto. Não podemos nos esquecer que o diabo também conhece a Bíblia. É possível que até mesmo  mais que alguns crentes. Temos o exemplo de que na tentação do deserto, o adversário usou passagens bíblicas para tentar o Mestre.

-Busca a credibilidade de seus seguidores falando coisas que gostam de ouvir. Durante toda a história da humanidade, o homem sempre passou por grandes dificuldades. Por sua vez, este precisa ouvir coisas boas para que sirva de refrigério  e alento em suas agonias. Sabendo disso, os imitadores de Jezabel do século XXI, aproveitam-se das necessidades das pessoas para pregar um evangelho deformado/deformador divorciado da mensagem cristocêntrica que pode de fato transformar e aliviar a vida de toda a humanidade.  

-Utiliza a imposição de mãos para compartilhar um "nivel mais elevado" e derrubar as barreiras que impedem a bênção das pessoas. È mais uma maneira de arregimentar grupos de admiradores que o ajudarão a ascender na direção da falsa fé.

-Deseja sempre ser visto como a pessoa mais espiritual da Igreja. Faz questão de ser sempre o primeiro a chegar. Faz orações com grandes choros e demonstra estar recebendo uma 'grande carga de poder.' Assim como faziam os fariseus, também gostam de se aparecer, exibir uma falsa religiosidade, mascarada com uma espiritualidade que não passa jamais pelo crivo da Palavra de Deus - a Bíblia Sagrada.

-De modo geral, é um fracasso com a família. Arrogante, pedante e prepotente sempre se acha na razão e todos devem-lhe obediência. Seus filhos não conseguem firmeza na fé; não há um convívio social saudável com seus familiares sob o pretexto de um modus vivenedi pautado no fanatismo religioso sem nenhuma objetividade; Seu cônjuge não tem autonomia e é comum não ter estabilidade ou estrutura espiritual. 

O povo cristão da geração atual tem o livre arbítrio para escolher se quer continuar servindo a Deus ou a baal. Assim como fez Elias ao pressionar a Israel para que tomasse, de imediato essa decisão, cabe aos crentes de hoje refletir sobre sua ação se é condizente com quem está debaixo da vontade do seu criador ou se permanece sob a égide dos ídolos pagãos. 

As características do espírito de Jezabel apontadas por Paul, servem para se ter um comparativo e estabelecer um parâmetro que seja suficiente para se esquivar dos modernos falsos profetas, que usam de má fé para granjear recursos financeiros, por meio de extorções nas mais diversas modalidades, em especial, com a pregação da teologia da prosperidade que nada mais é do que uma estratégia para arrebanhar seguidores. Pelo menos, no formato que tem sido pregado nos últimos dias. 


Muitos ainda hoje, estão superlotando templos com a mensagem da 'facilidade.' Iludem as pessoas com uma pregação vazia e descompromissada com o Evangelho que tem como princípio contemplar o ser em sua plenitude: corpo, alma e espírito; que prepara o sujeito para a vida presente, mas sobretudo para a vida eterna; que trata da ferida do corpo, mas que tem como prioridade as feridas da alma. Estas sim, impedem o homem de alcançar a salvação eterna. Jesus, durante seu ministério terreno evidenciou não se preocupar tanto com a matéria (carne), mas principalmente com a alma. Primeiro disse ao paralítico: "... perdoados são os teus pecados." em seguida, "... tome a tua cama e ande." À mulher adúltera que estava prestes a ser apedrejada: "... perdoados são os teus pecados." Em seguida, "...vá e não peques mais." À mulher que tinha fluxo de sangue: "A tua fé te salvou." Depois: "E na mesma hora o fluxo estancou"


Por causa da operação do espírito de Jezabel nas Igrejas modernas, muitos apenas "ESTÃO" mas não "SÃO" Igreja. Satanás tem conseguido grande êxito com o inchaço entre o povo de Deus. Falando com mais clareza, basta percebrmos que não por acaso as igrejas têm despontado com crescimento estrondoso apenas no aspecto horizontal, sem no entanto alcançar o desenvolvimento vertical, o que representa um agravante significativo. Tipologicamente, o segmento evangélico não cresceu proporcionalmente em 'corpo' e 'cabeça'. À medida que ganha em número, perde em qualidade. O culto "racional" de que fala Paulo não é tão explorado como deveria ser.


Cabe aqui um conselho ao povo de Deus: voltemos ao estudo das escrituras sagradas. Tenhamos a Bíblia como a nossa regra de fé e prática, como efetivamente deve ser. Levar a sério os ensinamentos bíblicos é essencial para não sermos iludidos por falsos profetas como os de baal e não sermos confundidos pelo espírito de Jezabel, conforme listado anteriormente e que serve para aviso aos fiéis.

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Referências bibliográficas:

LOURENÇO, Luciano de Paula. Elias e os profetas de Baal. Disponível em: http://luloure.blogspot.com.br/2013/01/aula-04-elias-e-os-profetas-de-baal.html. Acesso em 26 de janeiro de 2013.

BARBOSA, Francisco de Assis. Elias e os profetas de Baal. Disponível em: http://auxilioebd.blogspot.com/2013/01/licao-4-elias-e-os-profetas-de-baal_24.html. Acesso em 26 de janeiro de 2013.

Disponívelem: http://www.slideshare.net/wellroque/sincretismo-religioso. Acesso em 27 de janeiro de 2013.

GONÇALVES, José. Porção dobrada. CPAD: Rio de janeiro, 2012.

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