O constante combate do cristão
Por: Edilson Moraes
“Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado”
(Rm 7.25).
A luta entre a carne e o espírito é uma realidade na
vida de todo crente, mas a dependência da graça de Deus fará com que tenhamos
uma vida vitoriosa.
Romanos 7.1-15. Ao passo que o capítulo 6 de Romanos tratou a respeito da libertação do pecado, o 7 aborda sobre a libertação da lei. O apóstolo Paulo, com o pretexto de evitar entendimentos equivocados por parte de seus interlocutores, utiliza-se didaticamente da analogia do casamento, analogia de Adão no paraíso e analogia da carne versus o espírito, para orientá-los e desta forma conduzi-los a Cristo, sem a dependência da Lei mosaica, como meio de salvação.
I. A LEI ILUSTRADA NA ANALOGIA DO CASAMENTO (Rm 7.1-6).
1. A metáfora do casamento.
“Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido. De sorte que, enquanto viver o marido, será chamada adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido. Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus” (Rm 7.2-4).
-“Paulo alude ao conhecimento que ele tinha, como qualquer outro judeu, acerca da lei sobre o matrimônio. Ele ilustra uma mulher casada e ligada ao marido pela lei, enquanto ele viver. Vindo ele a morrer, fica ela desobrigada daquela lei conjugal. Agora,estando livre do poder da lei, pode casar-se outra vez, ficando submissa então ao seu segundo marido” (CABRAL, 1.998, 82).
-“Paulo então mostra que é exatamente isso o que ocorreu em relação à lei. Aqui o crente morre para pertencer a outro, Jesus Cristo” (GONÇALVES, 2016, p. 70).
-“O expositor bíblico F. F. Bruce destaca que como a morte desfaz o laço que une marido e mulher, assim a morte – a morte do crente com Cristo – desfaz o laço que o prendia ao jugo da lei, e agora está livre para entrar em comunhão com Cristo. Sua anterior associação com a lei não o ajudava a produzir os frutos da justiça, mas esses frutos são produzidos com abundância, agora que ele está unido a Cristo” (GONÇALVES, 2016, p. 70 - apud).
-Veja-se: 1Co 7.39; Mt 5.32.
2. A metáfora da mulher viúva.
“Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus” (Rm 7.4).
-“Paulo faz a aplicação da ilustração aos crentes em Cristo. Num sentido espiritual, o crente está morto para a lei do pecado, estando livre para pertencer a outro – A quem pertence o crente, uma vez que está livre do poder da lei? Pertence a Cristo!” (CABRAL, 1.998, 83).
-Livres do domínio da lei para servir a Cristo. “Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra” (Rm 7.6).
-“Se a mulher viúva fica livre da lei que a prendia ao marido morto, então ela está livre para escolher com quem queira casar-se, sem nenhuma implicação com o passado. Assim, também os crentes estavam debaixo do poder da Lei, mas uma vez a que a Lei foi cumprida mediante a morte de Jesus, estão livres do poder da Lei e livres para escolherem a quem servir” (CABRAL, 1.998, 83).
-“João Calvino, em seu comentário da Epístola aos Romanos, destaca que Paulo dá seguimento a seu argumento a partir de opostos. Se a coibição da Lei surtiu tão pouco efeito em subjugar a carne que nos despertava antes a pecar, então devemos nos desvencilhar da lei para que deixemos de pecar. Se somos libertos da servidão da lei para podermos servir a Deus [livremente], então aqueles que derivam deste fato sua licença para pecar, e aqueles que nos ensinam que devemos soltar as rédeas e nos entregarmos à luxúria, também estão equivocados. Note-se, pois, quando Deus nos livra de suas rígidas exigências e de sua maldição, dotando-nos com o Espírito Santos a fim de trilharmos seus santos caminhos” (GONÇALVES, 2016, p. 70,71 - apud).
-A reconciliação com Cristo (Rm 5.8-10; Ef 2.5,6). “A salvação do crente provém do sangue de Cristo e da sua vida ressurreta, pelos quais o crente é perdoado e reconciliado com Deus. Essa é a salvação inicial. O crente continua salvo através de uma fé viva e da comunhão com o Cristo vivo” (BEP, p. 1.706 – comentário Rm 5.10).
“Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra” (Rm 7.5,6).
- Rm 7.1-6; Gl 2.19; Cl 2.13,14.
-“Estávamos presos pela Lei e por isso era difícil nossa reconciliação com Deus. Mas, nos ligamos a Cristo, como a mulher viúva, que podia ligar-se ou casar-se outra vez. O primeiro marido representa a Lei. Morto o primeiro marido, o cristão fica livre das exigências da Lei. O segundo marido representa Cristo. Estamos ligados a Ele em novo relacionamento. Em nossa vida sob o domínio da Lei, as paixões nos faziam produzir frutos para a morte (7.5), mas agora, libertos dessas paixões e do poder da Lei, podemos servir a Deus na liberdade que Cristo nos conquistou, e viver sob o domínio do Espírito” (CABRAL, 1.998, 83).
-“Já não dependemos da Lei e dos sacrifícios do AT para sermos salvos e aceitos diante de Deus. Fomos alienados da antiga aliança da Lei e unidos a Cristo para a salvação. Devemos crer em Jesus (1Jo 5.13), receber seu Espírito e a sua graça e, assim, recebre o perdão, ser regenerados e capacitados para produzir fruto para Deus” – (BEP, p. 1.709 – comentário Rm 7.4).
II. ADÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA DA SOLIDARIEDADE DA RAÇA
(Rm 7.6-13).
1. De volta ao paraíso.
“Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum.Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás” (Rm 7.7).
-“O ‘eu’ de 7.7-25 representa os cristãos, por aquilo que eram, com estreita solidariedade com a humanidade adâmica pecadora, e agora não mais o são por graça. O capítulo descreve sua história passada, que se radica na pré-história mais longínqua. Ambas à imagem de Adão que cedeu à tentação de ser como Deus” (GONÇALVES, 2016, p. 73 - apud).
-Paulo se vê em Adão.
1) Rm 7.7-11 e sua relação com Gênesis 3;
2) “cobiçarás” Rm 7.7 e Gn 3.1-6;
3) “eu vivi sem Lei” Rm 7.9 e Adão;
4) “eu morri" e o “pecado me enganou” Rm 7.11 e Gn 2.17; 3.13.
-“os versículos 7-25 descrevem a experiência pré-conversão de Paulo, ou de qualquer outra pessoa que procura agradar a Deus, sem depender da sua graça, misericórdia e poder.
(1) Nos versículos 7-12, Paulo descreve o período de inocência do indivíduo até chegar à “idade da responsabilidade”. Ele “vive” (v. 9), ie., sem culpa nem responsabilidade espiritual, até que deliberadamente peca contra a Lei de Deus escrita externamente ou no seu coração (cf. 2.14,15; 7.7,9,11).
(2) Nos versículos 13-20, Paulo retrata um estado de Escravidão ao pecado, porque a Lei, uma vez conhecida, traz inconscientemente o pecado para a consciência e, assim, o indivíduo passa a ser realmente um transgressor. O pecado se torna seu senhor, embora ele se esforce para resistir-lhe.
(3) Nos versículos 21-25, Paulo revela o desespero total da pessoa, à medida que o conhecimento e o poder do pecado o reduzem à miséria” (BEP, p. 1.709 – comentário Rm 7.7).
2. Lembranças do Sinai.
-Paulo se vê em Adão em função dos princípios da Torá (Lei). “Nos versículos 13-20, Paulo retrata um estado de Escravidão ao pecado, porque a Lei, uma vez conhecida, traz inconscientemente o pecado para a consciência e, assim, o indivíduo passa a ser realmente um transgressor. O pecado se torna seu senhor, embora ele se esforce para resistir-lhe”
(BEP, p. 1.709 – comentário Rm 7.7).
-1Co 15.55, 56 “o aguilhão da morte”.
3. A lei dada a Adão.
“Ordenou o Senhor Deus ao homem...” Gn 2.16)
-Gn 2.16,17 trata da ordenança dada por Deus ao homem.
-“O mandamento de Deus a Adão foi um teste moral . Esse mandamento significou para adão uma escolha consciente e deliberada de crer e obedecer, ou de descrer e desobedecer à vontade do seu criador. Enquanto Adão cresse na Palavra de Deus e a obedecesse, viveria para sempre e em maravilhosa comunhão com Deus. Se pecasse e desobedecesse, colheria a ruína moral e a ceifa da morte” (BEP, p. 35 – comentário Gn 2.16 7.7).
III. O CRISTÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA ENTRE CARNE E ESPÍRITO
(Rm 7.14-25)
1. A santidade da lei.
“Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum” (Rm 7,7).
-“Paulo não desmerece o valor da Lei de Deus, visto que ela é boa e perfeita. Entretanto, O problema não está na Lei, mas no homem, que não pode cumpri-la. Paulo não aceita a ideia de que a Lei seja pecado, porque ele entende que a Lei veio para apontar e mostrar o pecado. Porém a Lei não foi feita para salvar. Ela é importante para a salvação do pecador. É um fato indiscutível que a Lei excita o pecado, visto que é por meio dela que o homem tem consciência do pecado” (CABRAL, 1.998, p. 84,85).
a) Ela foi dada por Deus “por causa das transgressões” (Gl 3.19);
b) O mandamento não conseguiu transmitir vida moral nem força espiritual (Hb 7.18,19);
c) A lei funcionou como tutor do povo de Deus até que viesse salvação pela fé (Gl 3.22-30);
d) A lei foi dada para nos conduzir a Cristo (Mt 5.17).
2. A malignidade da carne.
“Mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.23,24).
-“O segredo da vitória está em manter sob domínio a força da carne pela lei do Espírito. E a vitória total se concretizará mediante a libertação do ‘corpo do pecado’ na morte física, quando então nunca mais haverá possibilidade de tentação e pecado” (CABRAL, 1.998, p. 87).
-Rm 7.22,23 a natureza do velho homem.
-O conflito interior do crente. “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim” (Rm 7.19,20).
-Paulo reconhece que o nosso eu/ego é regido por dois princípios, a saber:
1) Princípio carnal (vv. 14,15,16,18,19,20,21,23,24 e 25).
2) Princípio espiritual (vv. 15,16,18,19,20,21,22,23 e 25).
-O eu carnal é escravo do pecado e usa os membros do corpo para satisfazer o pecado. O eu espiritual obedece ao princípio espiritual (...) recebe o domínio do Espírito Santo que veio morar no interior do crente para conduzi-lo à vitória.
-2Tm 2.12; 1Pe 2.11,12 resultados do conflito.
3. A velha natureza.
-Uma tendência natural para a transgressão.
-O casal do Éden (Gn 3.2,3);
-Abraão e o equívoco em Ismael (Gn 16.2-4);
CONCLUSÃO
A dependência interior da graça salvífica é a condição para a superação da ação carnal na vida do salvo. Por intermédio da presença do Espírito Santo é possível e necessário aos santos resistir aos apelos carnais, afim de satisfazer e corresponder aos anseios do Senhor em nossas vidas. Paulo deixa claro que isto ocorre pelo fato de que a Lei agora não é mais externa, mas interna e encontra-se escrita nas tábuas do nosso coração.
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Referências
BIBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL - Editora CPAD 1995.
CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Romanos. Rio de Janeiro, CPAD, 1.998.
GONÇALVES, José. Maravilhosa graça. O evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos. Lições bíblicas jovens e adultos. 2º trimestre de 2016. CPAD, 2016.
______Ibdem - Maravilhosa Graça. O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos. Rio de Janeiro, CPAD, 2016.

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