Seguidores

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

-NÃO TERÁS OUTROS DEUSES










Texto bíblico:
Dt 5.6,7; 6.1-6



Por: Edilson Moraes







AS TÁBUAS DA LEI


De acordo com o comentarista Ezequias Soares os Dez Mandamentos estão registrados em apenas dois lugares da Bíblia (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21). A expressão “Então falou Deus todas estas palavras, dizendo [...]”, é uma característica peculiar de Êxodo 20.1. Em alusão a este aspecto específico do texto citado, expressa-se o rabino e erudito bíblico Benno Jacob: “Nós não temos um segundo exemplo de tal sentença introdutória”

O concerto fora feito envolvendo de um lado Deus, como o ser supremo que tem o domínio sobre todo o universo, e do outro, o povo de Israel a quem escolhera para por meio dele tornar-se conhecido entre os povos da terra.



Parece imprescindível para Deus que a nação israelita sempre pudesse lembrar dEle pelo que é e por aquilo que pode fazer em prol do seu povo. Vejamos o que diz Êxodo 20.2 e Deuteronômio 5.6: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão [...]”. O Senhor conhece o coração do homem. O povo hebreu estava agora em meio ao deserto, passando por uma série de fenômenos bruscos, o que os colocavam em situação de vulnerabilidade emocional, física e espiritual. Residem nestes textos pontos essenciais para que o povo conseguisse manter-se fiel ao seu criador. (1) a deidade exclusiva e absoluta de um Deus que não admite ser trocado por outro deus, “Eu sou o Senhor teu Deus”. Neste particular, notadamente o Senhor dos exércitos por ter o poder para tal se autoproclama Deus e Senhor sobre Israel. (2) a revelação do seu poder, em contraste com a inoperância dos deuses pagãos do Egito. De que outra forma o povo poderia absorver a ideia absurda de que um Deus que eles não viam, tivera conseguido suplantar a todos os deuses venerados por todo o Egito, tirando-os das mãos do faraó? Osíris, Ísis, Hórus e outros guardiões não foram suficientes para inibir a ação de Deus. 



O pacto aqui tratado é uma ratificação da aliança/promessa estabelecida com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, conforme consta em Dt 4.37: “E, porquanto amou a teus pais, não somente escolheu a sua descendência depois deles, mas também te tirou do Egito com a sua presença e com a sua grande força”. Dentre todos os povos do mundo, aprouve a Deus escolher Israel e sua descendência para implantar seu governo teocrático e monoteísta, em oposição aos demais povos de governos tiranos e politeístas a exemplo dos assírios (...) “Entretanto o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; e escolheu a sua descendência depois deles, isto é, a vós, dentre todos os povos, como hoje se vê” (Dt 10.15).



-Os críticos liberais tentam minimizar a um senhorio tribal. “Ainda que Deus fosse apenas um senhor tribal limitado, os israelitas deveriam a ele reverência por sua libertação” (BOICE. 2011, p 199). Os acontecimentos prodigiosos que envolvem a retirada do povo escolhido das terras egípcias representam provas incontestes da manifestação e operação de uma divindade que está para além de tudo aquilo que os povos idólatras entendem como deus. 



-Os relatos da criação e do dilúvio descritos em Gênesis 1.1 e 7.4 revelam a genialidade de uma mente extraordinária com habilidades exclusivas inerentes a um ser inteligente extremamente poderoso. 

Gn 15.13,14: “Então disse o Senhor a Abrão: Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos; sabe também que eu julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens”.

-“A libertação de Israel não foi simplesmente física, porém inclui também libertação da idolatria egípcia, uma libertação de falsos deuses” (BOICE. 2011, p 199). Com o passar dos anos o povo hebreu passa a adotar o sincretismo religioso, adorando aos diversos deuses apresentados pelas nações. A idolatria é uma forma de apostatar da fé, contrariando a tudo o que o Senhor condena sobre adorar a outros deuses. 

-A libertação de Israel do Egito prefigura a nossa redenção, pois éramos prisioneiros do pecado e Cristo nos libertou. Nas palavras de de Cristo descritas pelo evangelista João 8.32, 36, à medida que nos permitimos ser moldados pela mensagem da verdade, temos de nossos punhos as cadeias do pecado arrebentadas para sempre “[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará [...] Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. O apóstolo Paulo escrevendo aos Colossenses adverte aos irmão rescém convertidos trazendo à memória o local em que estiveram outrora e em que situação estavam mediante a remissão dos pecados por Cristo Jesus, nosso eterno libertador - “[...] e que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado; em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados” Col 1.13,14;

O PRIMEIRO MANDAMENTO

-Êx 20.3; Dt 5.7 

-Segundo BOICE (2011, p 198), o primeiro mandamento começa por onde de fato deveria – nosso relacionamento com Deus. É um convite à adoração exclusiva e piedosa.

-“Deus esperava uma fidelidade única a si mesmo. O termo “diante” significa estar perante a face de alguém. Assim ele significa “em frente a” ou “na presença de”. Não deveria haver rival para o Senhor em se tratando da afeição do coração” (Wycliffe, 2010, p. 548). 

-“Violar este mandamento é repudiara a totalidade de relação do concerto, pois se trata nada mais, nada menos, de alta traição” (ZUCK, Roy (Ed). Teologia do antigo Testamento. 1 ed. Rio de janeiro: CPAD, 2009, p.51). Ao ser tentado no deserto por seu e nosso adversário, o Senhor foi taxativo ao esclarecer a quem efetivamente se deve adorar - unicamente a Deus “Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.10). 

-Os antigos egípcios empregavam o termo TaNeteru, “terra dos deuses” para seu país. Vejamos a seguir a tríade dos principais ídolos do Egito. 

-“Osíris, também designado pelo nome Asar, era um dos filhos de Nut e Geb, ao lado de sua irmã Ísis, (com quem se casou) e seu irmão ciumento Seth, que mais tarde o matou”.

-Ísis, ou Aset, da mitologia egípcia foi a mulher de Osíris, filha do deus da terra, Geb ou Gueb, e da deusa do céu, Nut. Era ainda mãe de Hórus e cunhada de Set ou Seth. Segundo a lenda, Ísis ajudou a procurar o corpo de Osíris, que tinha sido despedaçado por seu irmão, Seth. Ísis, a deusa do amor e da mágica, tornou-se a deusa-mãe do Egito”.

-“Hórus era originalmente o deus do céu, voando sobre o Egito como um falcão para proteger seu pai, o rei Osíris. Quando Horus derrotou o assassino de seu pai, Seth, ele se transformou no rei de todo o Egito, e ele é descrito usando uma coroa com uma parte superior branca para representar o Alto Egito e uma parte vermelha inferior para representar o Baixo Egito. Por esta razão, os governantes do Egito sempre se identificaram com Horus na vida, se transformando na personificação de Osíris quando eles morriam” - http://www.ocultura.org.br/index.php/Osíris.

Uma das grandes e principais diferenças entre as divindades pagãs e o Deus YAHWEH repousa na forma e reconhecimento de sua existência. A exemplo dos deuses da mitologia egípcia supramencionados, os ídolos das demais nações geralmente passam a existir apartir de uma tragédia, traição ou algo semelhante. Há sempre a ocorrência de tramas envolvendo intrigas, ódio, vingança, luxúria, assassinatos... A própria história humana dá autenticidade a tudo isto. Mas... em se tratando de Deus, qual o enredo para justificar a sua criação memso? Bem, a literatura pela qual devemos nos apoiar para fundamentar a resposta a tal questionamento é a Bíblia. A arqueologia e a ciência (embora esta pareça paradoxal), também são instrumentos que podem e devem dar sustentação ao questionamento sobre a origem de Deus. Quando questionado por Moisés sobre a quem deveria se referir ao ser indagado por Israel lá Egito, a orientação foi "Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.140). Algumas verdades podem ser tratadas aqui. (I) Deus existe em sí e por sí mesmo. Isso parece um tanto confortável, tendo em vista que não há ou não é tão aparente por parte da literatura bíblica seja no Antigo ou no Novo Testamento, uma preocupação em provar a sua origem ou existência. "Em parte alguma as escrituras tratam de provar a existência de Deus mediante provas formais. Reconhece-se como fato fato auto-evidente e como crença natural do homem. As escrituras em parte alguma propôem uma série de provas da existência de Deus como preliminar à fé; declaram o fato de Deus e chamam o homem a aventurar-se na fé" (PEARLMAN. 1996, p. 31). Logo, Deus simplesmente é. E o ser de Deus implica no seu eterno passado, presente e futuro. Deus é eternamente. (II) A sua total despretensão em materializar-se para fazer-se conhecido ou entendido. Diferentemente dos milhares de deuse adorados pelos povos politeístas, o Senhor dos exércitos aparenta maior interesse em ser reconhecido muito mais por seus atributos e ações através de seus interlocutores (cristãos) do que propriamente identificar-se com um nome ou em forma materializada em madeira, barro, ouro, prata [...]. "Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4.24). Verdade seja dita, algumas vezes revelou-se ao homem na forma teofânica. Todavia, encontramos na Bíblia poucos episódios neste sentido e tais ocorrências tiveram propósitos específicos.
          
EXEGESE DO PRIMEIRO MANDAMENTO

-As palavras hebraicas aherim e elohim “outros deuses”. O substantivo elohim se aplica tanto ao Deus verdadeiro como aos deuses das nações. Uma das formas mais seguras para conseguirmos identificar a quem o termo se refere é atentarmos para o contexto dentro do qual este se apresenta. 

-A expressão “diante de mim” (Dt 5.7b), em hebraico, AL-panay, é termo de significado amplo. Tanto pode ser aplicado a Deus quantos aos outros deuses. De acordo com o comentarista Ezequias Soares, há quem aplique este termo do texto citado sob a alegação de que Deus não está proibindo a doração a outros deuses. Afirmam que "diante de mim" significa na presença dEle, como se fosse possível a materialidade de Deus. O Senhor pode todas as coisas em tudo e em todos. Porém, como dissemos anteriormente, não é dessa forma que pretende que o adoremos. Logo, fica evidente o grande equívoco intencional originado nas mentes dominadas pela idolatria e por demônios.    

-Não existe nenhum deus além do Deus de Israel (Is 45.7, 14, 21; Jo 17.3; 1 Co 8.5,6). 

-Os ídolos que os pagãos adoram são os próprios demônios (1 Co 10.19-21). 

Politeísmo

-Do gr Polys “muitos”, e theos, “deus”.

-“Como mostram os mitos da Ugarite a religião dos povos cananeus adotava uma forma grosseira e aviltante de ritual politeísta. Estava associada a uma sensual adoração da fertilidade, além de uma particular espécie de orgia e lascívia, tendo-se mostrado mais influente que qualquer outra religião natural do oriente próximo” (HARRISON, R. K. Tempos do antigo Testamento: Um contexto social, político e cultural 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, p. 162).

-“O animismo era adoração ou reverência aos objetos inanimados (...). Também havia a adoração a coisas animadas, tais como aos animais: touros ou bezerros sagrados, símbolos do princípio da reprodução e procriação; a serpente, como símbolo de renovação anual (...). O princípio da fertilidade era frequentemente divinizado como uma deus-mãe (Diana). Isso envolvia a adoração ao sexo e a glorificação da prostituição”.

-“O totemismo representava não apenas a atividade em artes e ofícios, mas a adoração ao deus ou à deusa que eram patronos do clã, qualquer que fosse a imagem sob a qual a divindade tivesse sido concebida”.


-“O idealismo envolvia a adoração a conceitos abstratos tais como a sabedoria e a justiça”.


Referências bibliográficas

Bíblia digital eletrônica versão 3.8.0. 
BOICE, J. Montegomery. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2011, p 199.
HARRISON, R. K. Tempos do antigo Testamento: Um contexto social, político e cultural 1 ed. 
Rio de Janeiro: CPAD, p. 162.
PFEIFFER, Charles F; Vos, Howard F; Rea, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 548.
PEARLMAN, M. Rio de janeiro: Editora Vida, 1996, p. 31.
http://www.ocultura.org.br/index.php/Osíris.
SOARES, Ezequias. Os Dez Mandamentos. Valores divinos para uma sociedade em constante mudança. Lições Bíblicas Professor. Faixa Jovens e Adultos. 1º Trimestre de 2015. CPAD, 2015, p. 21.
ZUCK, Roy (Ed). Teologia do antigo Testamento. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.51.
Lições Bíblicas - 1° Trimestre 2015.

Imagem:

todaverdade.blogspot.com



Autorizo a cópia na íntegra ou em partes. Favor citar a autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário