Naum 1. 1-3, 9-14
EDILSON MORAES DOS SANTOS
"Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez." (Gn 18.32)
Objetivos
Explicar o contexto histórico do livro de Naum.
Apontar os limites entre tolerância e vindicação
No tempo estabelecido por Deus, cada nação, e cada indivíduo em particular, passará pelo crivo da justiça divina (Lições bíblicas).
As profecias de Naum ocorreram cerca de 630-620 a.C., sendo o próprio profeta o seu autor. Seu nome significa "consolo" e o tema central do livro é a destruição iminente de Nínive. Pouca coisa se sabe a respeito de Naum, a não ser que era de Elcós - localização incerta. Para Jerônimo esta cidade ficava próximo a Ramá, na Galiléia. Alguns acreditam ainda que situava-se na vizinhança de Cafarnaum e outros do sul da Judéia. Porém o mais provável é que este fosse profeta de Judá, pois o Reino do Norte (Israel) já havia sido dissolvido quando o livro foi escrito (BEP, p. 1329).
O livro apresenta três aspectos que o caracterizam. (1) É um dos três livros proféticos do AT, em que a mensagem é dirigida exclusivamente a uma nação estrangeira (os demais são Obadias e Jonas). (2) Seu conteúdo profético e linguagem poética acham-se pontuados de metáforas descritivas, vívidos quadros verbais e linguagem franca como em nenhuma outra parte da Bíblia. (3) Há uma ausência notável de mensagens a Judá concernentes aos pecados e idolatria da nação, talvez porque o livro tenha sido escrito durante as reformas do rei Josias (2 Rs 22.8 - 23.5). "Os assírios eram conhecidos no mundo antigo pela extrema crueldade com que tratavam os povos subjugados. Depois de atacarem uma cidade, passavam a chacinar implacavelmente os habitantes, deportando o restante da a outras partes do império. (BEP, p. 1329)."
Os ninivitas haviam se convertido ao Senhor por conta da intervenção da mensagem de Jonas, cerca de cem anos antes de sua queda. Mas posteriormente retornou a cometer a crueldade, opressão e idolatria de antes. Após a conquista de Israel, passou a despojar algumas partes de Judá. Por intermédio do profeta Naum, Deus tranquiliza seus servos, afirmando que destruiria os assírios. Nínive foi conquistada em 612 a.C., por uma coalizão entre babilônios, medos e citas. (BEP, p. 1331).
Nínive foi destruída em agosto de 612 a.C, após um cerco de dois meses levado a cabo por uma aliança entre os medos, os babilônios e os citas. Os atacantes destruíram Nínive fazendo o rio Cozer fluir para dentro da cidade onde dissolveu os edifícios de tijolos de barro cru. Este foi o notável cumprimento da profecia de Naum: "As comportas do rio se abrem, e o palácio é destruído" (2:6). Nínive esteve perdida por bem mais de 2000 anos.

Nos dias de Noé, de acordo com a descrição bíblica as nações haviam alcançado um nível de transgressão insustentável. A raça humana, a essas alturas não demonstrava nenhum receio em cometer os mais severos pecados.
A vida cristã deve ser pautada em princípios. Por sua vez, estes são oriundos dos atributos divinos ventilados pelas Escrituras Sagradas que afirmam que Deus é misericordioso. Todavia, o fato da abundância das misericórdias de Deus não o impedem de exercer a sua justiça, ainda que de forma condenatória. É exatamente aqui que repousa uma das grandes dúvidas da humanidade a respeito das ações divinas. Como absorver a ideia de um Deus tão amoroso que é capaz de julgar e condenar pessoas aparentemente indefesas? Porventura não se trataria de uma ambigüidade de natureza? Alguém que ama pode também condenar um povo à destruição? Tentaremos tratar dessas e outras questões, da maneira mais suave possível, com o propósito de identificar como podemos nos conduzir ante tais situações complexas. “A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra (Gn. 6.11)”.
O dilúvio veio como forma de purificação da raça humana, considerando-se o estado de putrefação em que se encontrava. As pessoas não conseguiam mais separar o certo do errado. O santo do profano e a corrupção da incorrupção. “[...] destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até ao animal, que me arrependo de os haver feito (Gn 6.7).
Em meio àquela realidade, apenas Noé e sua família sobreviveram porque Deus encontrou neles retidão e reverência e não estavam andando pelo curso do mundo perverso como restante das famílias.
Sodoma e Gomorra é outro exemplo clássico de que quando Deus se aborrece, não poupa a vida aos iníquos. Era um período de total degeneração da raça humana. Chegou ao cúmulo de os homens desta cidade pedirem a Ló, sobrinho de Abraão que colocasse para fora de sua casa os mensageiros de Deus para que pudessem manter relações sexuais, uma demonstração clara de uma sociedade sem pudor, desrespeitadora dos direitos do outro e, como se não bastasse, adepta do homossexualismo.
[...] e disse: Meus irmãos, rogo-vos que não procedais tão perversamente; eis aqui, tenho duas filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado. Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e quer se arvorar em juiz! Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar a porta (Gn 19 7-9).
A exemplo do que ocorreu a Noé e a sua geração, Sodoma e Gomorra também foram destruídas pelo fogo. “Então o Senhor, da sua parte, fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra (Gn 19.24)”.
Mais uma vez o Senhor provou seu amor pela humanidade livrando Ló e sua família, exceto sua esposa que descontente com o ocorrido, ainda apegada aos costumes pecaminosos da cidade, olhou para trás em desobediência ao que o anjo havia dito “Escapa-te, salva tua vida; não olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície (Gn 19.17).”
Não é tão difícil compreender a relação entre a misericórdia e o amor de Deus e suas ações punitivas com a humanidade. Se pegarmos o que acontece atualmente no que se refere ao meio ambiente, perceberemos que na verdade, não é Deus quem condena o homem. Contrariamente ao que muitos imaginam, é o próprio homem quem se condena. A natureza nos esclarece essa realidade.
Ao longo dos anos o meio ambiente vem sendo massacrado pelo consumo desenfreado promovido pelas grandes indústrias que corre a todo vapor para dar conta de um mercado voraz, que até então não tomou medidas concretas no sentido de minimizar os efeitos da destruição ambiental. Muito embora países em expansão demonstrem interesse e preocupação com o tema, aqueles em plena expansão – tidos como de primeiro mundo, sequer se abrem para a negociação, como ocorre com a China e Japão citados como os maiores poluidores do mundo. Não somente estes são culpados. Dificilmente as nações deixarão de desmatar, poluir e destruir dos modos mais diversos o meio ambiente, porque a possível paralisação da indústria representaria o colapso econômico e social do mundo. Salvo se houvesse uma alternativa – o que até o momento não há para a substituição dessa máquina que sustenta a humanidade. O que há como paliativo atualmente, é a tentativa frustrada da diminuição dos impactos dessas interferências humanas no meio ambiente.
Como bem sabemos, para toda ação existe uma reação. A natureza tem dado respostas não agradáveis e desastrosas para revelar ao homem que aquilo que se planta é o que evidentemente se colhe. Os efeitos do desequilíbrio da natureza são notórios. O que dizer do furacão Sandy, nos Estados recentemente? Causou destruição e mortes irreparáveis. As chuvas em excesso e as secas em tempos inesperados no Brasil também sinalizam que algo está fora do lugar.
A resposta que estamos tendo a exemplo do que já foi mencionado é apenas a conseqüência das ações desenfreadas que temos empreitado contra o meio ambiente. Trata-se de uma realidade irremediável. Não podemos extrair da natureza durante bilhões de anos sem nunca fazermos sequer uma reparação e ainda cairmos na tolice de achar que nunca irá nos faltar ou que irá perpetuamente manter-se em seu estado normal. Seria no mínimo, tentar enganarmo-nos a nós mesmos.
Voltando ao aspecto bíblico, em torno da profecia de Naum, que trata do limite da Tolerância divina, entendamos que (01) Deus não condena o homem, sem que primeiramente este tenha a oportunidade de arrepender-se de seus pecados, voltando-se para o seu criador; (02) Deus seria muito mais injusto condenando o justo com ímpio, do que fazendo o contrário; (03) A destruição, em muitos casos, é um acontecimento necessário. Existem casos em que se faz imprescindível a cisão na própria carne para que o ‘resto’ não apodreça. Com certeza foi dentro dessa perspectiva que Jesus ensinou que muitas vezes é preciso perder para ganhar. É preciso morrer para que haja vida. Não nos esqueçamos que Cristo foi condenado à morte de cruz, fazendo-se maldito não por causa de seus pecados, mas pelos nossos. Sem sua morte vicária nenhuma carne se salvaria. Nos Evangelhos escritos por contemporâneos de Jesus, Ele afirma que “[...] todos estavam assentados nas regiões de sombra de morte. Outra vez diz que “[...] olhando Deus dos céus à terra, não viu um justo sequer."
Certamente as citações feitas no início não têm como intuito amedrontar o leitor. Muito menos coagi-lo a tomar qualquer decisão da qual não esteja totalmente convicto. Contudo, é de extrema importância que todos saibamos que ninguém ficará impune diante de Deus. Seremos, sim, julgados, absorvidos ou condenados se for o caso, de acordo com nossas ações feitas no mundo. E esta é uma realidade da qual nenhum indivíduo poderá escapar. O juízo divino é um acontecimento irremediável, irrevogável e imutável.
Que Deus ilumine cada coração e que a sua graça superabunde em cada ser.
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Referências
Disponível:historiaebiblia.blogspot.com.br.Acesso:25/11/2012
Bíblia de Estudo Pentecostal. Antigo e Novo Testamento. Versão revista e corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Disponível:www.google.com.br/search?hl-Acesso:25/11/2012
Disponível:www.google.com.br/imgres?q=dilúvio&um-Acesso:25/11/2012
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