JOEL - O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO

Poder e unção. Marcas de um povo comprometido com Deus.

Por: Edilson Moraes 

E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos. (At. 2.17).

Joel, um dos profetas menores é um daqueles servos de Deus que merece todo o respeito e honra por parte de todos nós que procuramos conhecer um pouco mais a palavra de Deus, em sua essência e soberania. 

Veremos neste comentário um resumo da vida deste grande profeta, seus desafios e sua mensagem que tinha como objetivo conduzir o povo de sua época à santidade e não somente a estes, mas também as demais gerações. O seu nome, segundo o dicionário Wycliffe significa "Jeová é Deus."

"Não existe nenhuma referência feita a ele nos livros históricos do AT, mas seus escritos indicam que era filho de Petuel, e vivia em Judá, provavelmente em Jerusalém. Sua época depende da data de seu livro..., talvez cerca de 835 a.C. Alguns o consideram como não pertencente à história e que seu nome indica apenas o tema da profecia (2.26,27). Pfeiffer, (2010)".

Abordaremos daqui em diante um esboço do livro de Joel, tendo, claro como desafio compreender em que contexto os fatos ocorreram, assim como as ações do profeta em meio a um quadro caótico em que se encontrava a nação de Judá.

O Declínio da prosperidade de Judá. A) Descrição da crise atual. No capítulo 1.2-20, Joel faz uma descrição sombria sobre a crise social em que o povo se encontrava. O que ficou da lagarta, o comeu o gafanhoto, e o que ficou do gafanhoto, o comeu a locusta, e o que ficou da locusta, o comeu o pulgão. 

Ou seja, as famílias não estavam conseguindo colher os mantimento necessários para o seu sustento. A fome, a miséria e, consequentemente as doenças decorrentes das carências básicas causavam enorme estrago no meio do povo. 

"O campo está assolado, e a terra, triste; porque o trigo está destruído, o mosto se secou, o óleo falta. (1.10)." B) Descrição do dia do Senhor 2.1-11 "E o Senhor levante a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimos são os seus arraiais; porque poderoso é, executando a sua palavra; porque o dia do Senhor é grande e mui terrível, e quem o poderá sofrer?"

O Retorno do Senhor e de suas bênçãos 2.12-27. Por mais que alguns menos informados acreditem que Deus é injusto, atribuindo-lhe a culpa por se encontrarem em situações desconfortáveis a exemplo do que ocorreu a Judá, o Senhor jamais abre mão de seus atributos imutáveis. 

Ele permite que os povos passem por sofrimento, primeiro porque este é consequência das ações do próprio homem em sua natureza pecaminosa, desobediente e perversa. 

Todavia, no momento em que se reaproxima do seu criador, a criatura volta a desfrutar das grandes e infinitas bênçãos do todo-poderoso. Nos afirma as escrituras que Deus não resiste a um coração quebrantado e contrito. 

Todas as vezes que Judá e Israel desviaram-se dos caminhos da verdade e se arrependeram, foram perdoados e sua terra sarada. Quando Salomão assumiu o trono de Israel, teve que fazer uma série de modificações no comportamento espiritual do povo. 

Os relacionamentos entre os irmãos, e via de regra com o seu Deus estavam péssimos, ao ponto de impedir o seu crescimento nas diversas áreas da vida. Precisou este rei convocar o povo ao arrependimento, como meio para escapar das consequências danosas do afastamento do Senhor.

"(...) e se o meu povo, que se chama pelo nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra (2 Cr. 7.14)."

Reconstituição da sociedade, Joel 2.28-3.211. Temos aqui uma descrição completamente apocalíptica/escatológica. O profeta prevê, de forma maravilhosa dois acontecimentos marcantes para o cristianismo, embora ele mesmo e provavelmente seus descendentes não o tenham vivenciado. 

O derramamento do Espírito que ocorreu no dia de pentecostes, pela manifestação da glossolália, ratifica a era messiânica e inaugura um dos momentos mais importantes da humanidade. Este acontecimento serviu, além de promover um grande avivamento na Igreja que se encontrava dispersa, também para quebrar a barreira do preconceito que havia entre judeus e gentios. 

Os primeiros, por se julgarem os únicos dignos das bem-aventuranças de Deus, logo quem fosse de outra tribo que não a judaica estaria totalmente fora do alcance dos privilégios do Reino. 

Via de regra, os últimos ao se sentirem rejeitados não tinham condições de manter um bom relacionamento com aqueles. Aponta o texto ainda para a restauração em sua plenitude do povo abraâmico, uma vez que se trata do povo da promessa.

"Porquanto eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem eles espalham entre as nações, repartindo a minha terra (Jl 3.1)."

Pelo menos três aspectos que estão relacionados ao profeta Joel precisam ser tratados neste breve comentário, fazendo um paralelo com outros eventos: O primeiro, diz respeito ao fato de que quando o líder relaxa com o trato das coisas de Deus, a tendência é que seus liderados percam a credibilidade. Ao perder a credibilidade, as coisas fogem ao controle. 

No período em que Judá estava sob o governo de Joás, que havia assumido o reinado aos sete anos de idade, em seus primeiros dias ocorreu tudo bem. Este, sob a tutela do sumo sacerdote Joiada, que exercia forte influência sobre o rei ao ponto de lhe escolher as esposas, a princípio agrada ao Senhor, mas com a morte de seu conselheiro, toma outros caminhos.

"Porém, depois da morte de Joiada, vieram os príncipes de Judá e prostraram-se perante o rei; e o rei os ouviu. E deixaram a casa do Senhor Deus de seus pais, e serviram às imagens do bosque e aos ídolos; então, veio grande ira sobre Judá e jerusalém por causa desta sua culpa (2 Cr. 2417,18)."

Praticou e induziu o povo à apostasia e, como se não bastasse, os serviços do templo foram abandonados, provocando grande desagaste na vida religiosa do povo. Como juízo, Deus levantou contra ele o exército da Síria, em menor número, destruiu seu povo e seus príncipes, deixando-lhe ferido, foi morto pelas mãos de seus súditos,como vingança pela morte do filho de Joiada. Sequer foi sepultado como rei.

E, retirando-se dele (porque em grandes enfermidades o deixara), seus servos conspiraram contra ele, por causa do sangue do filho sacerdote Joiada, e o mataram na sua cama, e morreu; e o sepultaram na cidade de Davi, porém não o sepultaram nos sepulcros dos reis.

Em segundo lugar, a experiência de Joel sinaliza para a realidade de que mesmo nos momentos mais sombrios que a Igreja possa atravessar - diga-se de passagem que não foram poucos, muito menos fáceis - sempre há alguém para ser usado por Deus para denunciar o afastamento e frieza de seus líderes, bem como para mostrar que é possível haver uma restauração.

Nos dias atuais, não é difícil encontrar homens e mulheres que se dizem sacerdotes e profetas fazendo mal uso da Palavra de Deus, definhando as Igrejas. Os crentes estão ficando vazios da presença de do Senhor. 

Como nos dias de Joás, os sumo sacerdotes e sacerdotes não estão levando a sério o cuidado com as ovelhas. Para estes, o importante é o momento da tosquia. Hoje é uma raridade encontrar gestos de humanidade e de amor entre o povo de Deus, a começar por seus pastores e obreiros.

Em terceiro plano, pelo que presenciamos na vida de Joel, o avivamento é um processo que deve ser contínuo (não é temporal). Ora, pois, se Deus levanta pessoas, usa a jumenta, prepara socorro para pregador através do grande peixe após arrependimento pelo desvio, fica mais que evidente que o propósito Dele é que tenhamos uma vida cristã saudável e plena das ações do Espírito Santo.

Diferentemente do que pensam alguns mecanicistas/modistas, que sob o rótulo do pentecostalismo fazem cambalhotas nos púlpitos, gritam feito loucos como se quisessem "ganhar pelo grito", ser cheio do Espírito Santo na concepção do profeta é o cristão ter uma vida digna diante da sociedade em que vive. 

Sabemos de muitos "cheios" que não conseguem se manter numa vida condizente com os ensinos bíblicos. Estamos perdendo a essência do cristianismo. Estamos perdendo a nossa identidade. Há muito deixamos de nos preocupar uns com os outros. A Igreja ganhou corpo e perdeu a "Cabeça". Hoje é muito difícil imaginar que Deus está no comando do seu povo. 

O que mais encontramos são homens agindo como se fossem deuses. Fazem o que querem e não aceitam ser questionados. Que o Senhor em sua infinita piedade faça justiça, assim como foi em tantos outros momentos, livrando os fiéis das garras dos poderosos desumanos. 

Fonte:
LIÇÕES BÍBLICAS 4º TRIMESTRE 2012 - LIÇÃO 03