Principais argumentos contra o ato de dizimar e o posicionamento bíblico.
Por: Edilson Moraes

Para algumas pessoas, os dízimos são apenas uma exigência meramente humana, o que não tornaria necessário o seu cumprimento.
Quem assim pensa, defende que entre outras coisas, "Deus não precisa de dinheiro" para sua obra seja mantida. Para outras, a devolução ou entrega dos dízimos é uma questão de fé e obediência à Palavra de Deus.
Este grupo compreende o assunto como sendo um dos princípios mais importantes da Bíblia Sagrada, pois sua observância e cumprimento revelam aqueles que de fato são fiéis ao Senhor e à sua Palavra. Entendem que os dízimos estão relacionados às bênçãos, até porque primeiro vem a bênção, a prosperidade. Depois vem a prática de dizimar, como gratidão e adoração pelo bem alcançado.
Alguns argumentos contra dízimos.
1) Os dízimos estão relacionados apenas à colheita e não ao dinheiro em espécie (Dt 14.22).
-Resposta bíblica:
Pelo contexto bíblico é possível compreender que a relação das coisas a serem dizimadas representam o todo de tudo -com o qual recebemos do senhor como bênçãos (Lv 27.30-32; Dt 14.22-29). Isto inclui nossas fazendas em contexto geral, sobretudo o dinheiro.
Logicamente que por uma questão de inteligência e praticidade principalmente nos dias de hoje em que tudo se faz com dinheiro, ao colhermos nossos grãos de trigo ou outra colheita qualquer vamos optar por vender o equivalente ao valor dos dízimos e devolver em espécie, ao invés de chegarmos na igreja com 100 ou 200 sacos do que foi colhido, sendo que sequer há estrutura logística para a armazenagem. Lembremos que logo que recebemos a Cristo, deixamos de ser tolos. Nossa meninice e caduquice ficaram no passado.
2) Os dízimos devem ser usados pelos próprios dizimistas, levitas, órfãos e viúvas (Dt 14.22).
-Resposta bíblica:
Se visto fora de contexto, o texto parece indicar que o ofertante deveria usar os dízimos e ofertas como bem lhe convém.
O capítulo 14.22-29 de Deuteronômio relaciona-se com o cap. 12 do mesmo livro que trata do lugar onde o povo deveria cultuar.
Por ocasião da festa que durava dias, as pessoas vindas das diversas partes para a adoração, assim como os levitas, órfãos e viúvas eram servidas ou seja, alimentadas com os dízimos e ofertas trazidos por todos, no lugar escolhido por Deus (santuário) onde estavam reunidos para os festejos.
Inclusive neste mesmo capítulo Deus proíbe que as pessoas comam os dízimos e ofertas em suas casas (Dt 12.6-19). A ordem era que trouxessem e depositassem aos cuidados dos sacerdotes “(...)ali trareis tudo o que vos ordeno: os vossos holocaustos, os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão e toda escolha dos vossos votos que votardes ao SENHOR” (V. 11).
3) Deus não aceita mais as ofertas (Ml 2.13).
-Resposta bíblica:
O cap. 2 de Malaquias está falando do casamento e divórcio ilícitos.
A frase "(...) ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão” jamais deve ser usada para negar o princípio do dízimo.
O contexto deixa claro que Deus não aceita por causa do pecado, devido aos casamentos e divórcios antibíblicos.
4) Jesus falou da entrega do dízimo porque ainda estava na Lei e não na Graça (Mt 23.23).
-Resposta bíblica:
A Bíblia afirma taxativamente que a “Lei e os Profetas duraram até João” (Mt 11.13; Lc 16.16).
Jesus teve que cumprir a Lei fazendo-se maldito por nós. Como o pecado da humanidade superou todos os limites, foi necessário a morte de um justo – Cristo, para que por Ele alcancemos a redenção e perdão das culpas.
5) O período da graça só teve início após a morte de Cristo.
-Resposta bíblica:
É mais razoável afirmar que a graça teve início com o fim do ministério profético de João às margens do Rio Jordão, quando realiza seu último batismo ao batizar Jesus.
Este entendimento pode respaldado pela reação do precursor ao ver Cristo vindo a ele para ser batizado.
Dois episódios marcam o fim da Lei e dos Profetas:
1) João aponta para Cristo como “...o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Em seguida, os discípulos deixam João e seguem a Jesus (Jo 1.36,37).
Na Lei, o sacrificado pelos pecados do homem era o cordeiro - animal irracional.
Na Graça, o próprio Cristo foi posto por expiação pelos pecados de todos os que o recebem como salvador.
2) Jesus foi o último a ser batizado por João, sob a ordenança da Lei (Mt 3.13-17). Daí em diante, todo o ministério de Cristo esteve sob a égide da graça de Deus “...e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele” (Mt 3.16).
6) O maior de todos os missionários (Paulo) trabalhou “sem receber salário”.
-Resposta bíblica:
Embora o Apóstolo Paulo afirme “...eu não vos fui pesado” 2 Co 12.16, isso não quer dizer que ele não dependeu da fidelidade nos dízimos e ofertas para se manter na obra missionária.
O texto de 2 Co 11.7-10 é prova inconteste de que Paulo foi sim assalariado. Acaia ficava na região sul da Grécia, onde situavam-se as cidades de Corinto e Atenas, onde a obra estava sendo realizada pelo servo do Senhor.
A sua estadia nessas viagens na maioria das vezes era demorada tendo em vista a dificuldade de locomoção que geralmente era via marítima.
Outro fator que contribuía para o retardamento eram as prisões pelas quais o apóstolo sempre enfrentava. Tanto é que a maioria de suas cartas foram escritas no cárcere.
Paulo deixa transparecer que aquela igreja não era fiel com seus dízimos e ofertas, apesar de Corinto ter boas condições financeiras.
Se não fossem as “outras igrejas” que o estavam mantendo, talvez não pudesse estar ali para ensiná-los na verdade e combater os heréticos que semeavam distorções doutrinárias entre os irmãos - talvez até mesmo combatendo a devolução de dízimos e ofertas na igreja do Senhor.
Em 1 Ts 1.7,8 o missionário dá testemunho da fidelidade dos tessalônicos, razão pela qual o evangelho se expandiu naqueles dias “...de maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia. Porque por vós soou a Palavra do senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma”.
Ainda sobre este assunto o apóstolo afirma que “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina. Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário (1 Tm 5.17,18).
7) Não devo entregar os dízimos por causa da deslealdade dos líderes.
-Resposta bíblica:
Infelizmente existem líderes que extorquem o rebanho do Senhor. Homens gananciosos que colocam dúvidas na fidelidade da igreja. Todavia, precisamos entender que um erro não pode jamais justificar o outro.
O mesmo pecado que comete aquele que aplica indevidamente os recursos dos fiéis, comete de igual modo o que sonega dízimos e ofertas “Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas” (Ml 3.7-10; Mt 23.23; Ap 22.15).
Outra vez digo: Ao comparar o texto de Malaquias 3 com 1Co 6, conclui-se que aquele que não devolve dízimos está na lista dos que ficarão de fora, conforme apresentado por Paulo “(...)nem os ladrões, nem os avarentos..., nem os roubadores herdarão o Reino de Deus” 1Co 6.9,10).
Além disso, os fiéis precisam se conscientizar de dois fatores importantes:
1) A igreja é organismo vivo e ao mesmo tempo é organização/administração.
Como organismo vivo é inteiramente espiritual, sem interferência do material/dinheiro.
Como organização, ela é gerida por homens e sua subsistência depende de recursos financeiros oriundos da fidelidade de seus membros.
2) A igreja nunca foi, não é e nunca será objeto da vontade humana. O dono dela é Cristo, o Deus vivo “(...)para que saibais como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15).
Logo, ainda que alguns sejam infiéis, desleais e gananciosos convém a cada um de nós fazer a nossa parte, porque a Palavra de Deus afirma que individualmente daremos contas de nossos atos diante de Deus.
Igreja amada, não vale a pena colocar a salvação em risco, pela desobediência à Palavra de Deus. Sejamos pois, fiéis nos dízimos e nas ofertas para a manutenção da obra de Deus.
Não dizimar corresponde a atrofiar a pregação do evangelho. É satisfazer à vontade do diabo que quer a todo custo impedir que vidas sejam alcançadas pela Palavra de Deus.
Não dizimar corresponde a atrofiar a pregação do evangelho. É satisfazer à vontade do diabo que quer a todo custo impedir que vidas sejam alcançadas pela Palavra de Deus.
Tenhamos a postura dos crentes de Tessalônica que mesmo sendo de condições financeiras bem inferior à igreja de Corinto, manteve-se fiel na devolução dos dízimos e entrega das ofertas, servindo de exemplo aos demais irmãos, além de contribuir para a expansão do evangelho naquela região e outras tantas, inclusive chegando a nós.
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