Para muitos, dízimo é invenção humana, meio de enriquecimento. Para outros, isto era uma exigência apenas para o tempo da lei e, portanto, algo sem qualquer relevância para nossos dias.
Em meio a tantos argumentos contrários, na base do achismo, é melhor ficarmos com o posicionamento bíblico sobre este tema.
Para as Escrituras Sagradas, trata-se de princípio. E isto vale tanto para o Antigo quanto para o Novo Testamento. Haja vista o que se diz na Carta aos Hebreus, de que as coisas relacionadas ao tabernáculo (lei) são sombras das coisas futuras (graça).
Embora em alguns aspectos a aplicação prática do dízimo na era da graça não siga os mesmos moldes da lei, com toda a sua rigorosidade, ele continua sendo uma ordenança para os crentes atuais.
Ocorre que naturalmente, aqueles que em forma de gratidão a Deus por tudo o que é, obedecem a este princípio apresentam perfil diferenciado, como veremos a seguir.
Esta obediência é sobretudo amorosa e espontânea. Nada do que se faz para Deus, deve ser por força ou conveniência. Antes, por reconhecer que tudo o que temos provém dele.
O crente dizimista
1- Tem prazer em cultuar a Deus.
Para ele, estar na casa de Deus é questão de prioridade e necessidade da alma.
Sua profunda intimidade com o céu, o conduz a este prazer, como afirma o salmista, "Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor!"(Sl 122.1).
2- O dizimista exerce a liberalidade cristã.
Além de devolver os dízimos e ofertar costumeiramente, participa das campanhas de ofertas específicas de Missões, construções, ajudas voluntárias, enfim. O coração está no Reino de Deus.
3- Não combate contra dízimos, pois sabe que é ordenança bíblica.
"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro"(Ml 3.10);
Na realidade, só fala contra o dízimo aquele que não é dizimista.
Este, comete dois graves erros:
(1) além de roubar a Deus, conforme afirma Malaquias cap. 3, em Mateus 23 Jesus chama de "hipócrita" e omisso .
A bem da verdade, o termo aplicado em Malaquias é forte. Mas, na mente do profeta, é o único capaz de adjetivar aquele que se apropria do que não lhe pertence. O choque de realidade é uma necessidade.
Desse modo, Deus deixa claro que o dízimo não é nosso. Não é de nossa competência administrá-lo ao nosso gosto, como alguns o fazem.
Sobre isto, a Bíblia diz que o patriarca Abraão "pagou os dízimos a Melquisedeque", antes mesmo da instituição da lei mosaica.
(2) torna-se herético, pois não só contradiz as Escrituras, mas ainda estimula a outros fazerem o mesmo.
E, para a tristeza do Espírito Santo, os que ensinam o erro, conseguem adeptos com mais facilidade, pois a avareza impera no coração de muitos crentes.
4- O dizimista faz a devolução em ato de fidelidade e gratidão.
Tudo o que temos vem de Deus, e Ele sempre nos concede o melhor.
Antes de conhecê-lo, perdíamos tudo para o reino das trevas. Nada progredia em nossas mãos, porque juntávamos com o dia para espalhar à noite.
Agora, servimos a Deus que sempre cuida de nós e isto é suficiente para sermos fiéis e gratos a Ele, por meio das ofertas e dízimos.
5- O dizimista é organizado financeiramente.
Ainda que ganhe pouco, sua renda é bem administrada e Deus o orienta a usar bem os recursos, estabelecendo prioridades;
6- Contenta-se com o que tem.
Agradece a Deus por cada conquista, sem invejar aquilo que outros possuem;
7- É bom administrador do tempo.
Não se atrasa para os compromissos da igreja, nem da vida secular;
8- É bom exemplo para os filhos.
Em sua casa, exerce autoridade com amor e zelo pela Palavra de Deus. Rega o lar com os ensinos divinos;
9- O crente dizimista ama a obra de Deus.
O fiel tem a real noção de que por meio de sua fidelidade a obra de Deus prospera.
Muito mais almas são salvas mediante a pregação do Evangelho de Cristo. Templos são erguidos para acomodar os crentes.
Os recursos são revertidos em aquisições e benefícios para a própria igreja.
A filantropia é realizada com maior ênfase. Se todos fossem dizimistas, a igreja poderia ajudar ainda mais ao necessitado.
10- O dizimista tem vida cristã próspera.
Esta verdade foi preferida pelo próprio Deus, por meio do profeta, ao afirmar:
"(...)e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança" (Ml 3.10).
Essa prosperidade deve ser compreendida como uma demonstração do grande amor de Deus àquele que é obediente e fiel à sua Palavra.
Assim, ela jamais deve ser entendida como barganha, favor, empréstimo ou como se Deus fosse obrigado a nos retribuir.
Se nossa ação for gerada no amor e gratidão, Deus saberá como produzir a prosperidade em nossas vidas. O episódio de Caim e Abel pode trazer luz sobre isso.
Em "uma bênção tal", equivale a bênção sem medida. Em outros termos, medimos o tempo, a terra que compramos, o grão que comemos.
Mas, em razão da fidelidade nos dízimos, o Senhor concede prosperidades incalculáveis tanto na vida espiritual quanto na material.
É o operar extraordinário de Deus na vida do crente. Só entende quem tem fé.
11- O dizimista mantém-se fiel independentemente de sua afinidade com o seu Pastor.
Uma das atribuições pastorais é a administração financeira da igreja. Ele tem toda a legalidade dada por Deus, para gerenciar com responsabilidade, tendo o respaldo das Escrituras Sagradas para assim fazer.
Quem tem o poder de julgar se a aplicação está correta ou não, é o próprio Senhor que o constituiu.
Logo, contrariando os que se dizem não dizimistas sob a alegação de que o pastor faz dele o que quer, isso não é verdade.
Pode até alguém usá-lo para seu próprio bem, mas Deus trará isso a juízo.
Portanto, a infidelidade dos pastores com o uso dos dízimos jamais deve servir de justificativa para que os crentes deixem de ser fiéis, causando prejuízos irreparáveis à obra do Senhor.